O responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Faro, Vítor Vaz Pinto, disse à agência Lusa que “não há nada a falar” sobre as eventuais consequências na região da decisão que a LBP adotou de não reportar as ocorrências à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), “porque os bombeiros do Algarve não a seguiram” e “prevaleceu, junto das corporações da região, o sentido de responsabilidade” para com as populações.
Vaz Pinto escusou-se a fazer mais comentários sobre a matéria e remeteu para um comunicado de 22 de novembro da Liga dos Bombeiros do Algarve (LBA), estrutura que congrega todas as Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários (AHBV) e Corpos de Bombeiros da região, a dar conta da sua posição sobre um documento intitulado “Moção Conjunta”, elaborado pela LBP, em protesto contra o pacote legislativo aprovado pelo Governo para reorganizar o setor da Proteção Civil e o estatuto dos bombeiros.
A LBA considerou na ocasião que essa “legislação não corresponde às legítimas expectativas e anseios dos bombeiros e das AHBV, podendo causar/agravar desmotivação dos operacionais e perturbação sensível na capacidade de resposta do sistema de proteção civil nacional”, mas rejeitou também a ideia de deixar de reportar as ocorrências à Proteção Civil.
A liga algarvia assegurou, nesse comunicado, que “o ponto 8 da referida ‘Moção Conjunta’ não terá acolhimento no Algarve”, porque “os operacionais bombeiros da região continuarão a passar dados das ocorrências a que sejam chamados a intervir para a ANPC (tendo sempre em mente o superior interesse da proteção das vidas e bens)”.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, garantiu no domingo que a ausência de reporte à Proteção Civil não compromete o socorro à população e devolveu a acusação de irresponsabilidade ao ministro da tutela, Eduardo Cabrita.
"Quem é irresponsável é o senhor ministro porque está a levantar o pânico e sabe que isso não é verdade, sabe que o socorro não está minimamente em causa”, declarou à Lusa Marta Soares, depois de o ministro da Administração Interna acusar a Liga de “irresponsabilidade” devido à decisão que adotou de os bombeiros deixarem de comunicar ocorrências à ANPC.
Eduardo Cabrita convocou uma conferência de imprensa para criticar a atuação dos bombeiros e disse que a decisão compromete a coordenação de meios e pode pôr em causa a segurança das pessoas, mas esta visão foi rejeitada pelo presidente da Liga, que insistiu na justiça das reivindicações da Liga e criticou o Governo por aprovar uma legislação que não responde aos principais anseios dos bombeiros.
A LBP reivindica uma direção de bombeiros autónoma independente e com orçamento próprio, que diminua os custos e aumente a eficácia, um comando autónomo e o cartão social do bombeiro.
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