Pelas 19:30, os participantes na ação de sensibilização foram para o meio da estrada – que havia sido cortada pela Polícia de Segurança Pública – para homenagear a adolescente de 16 anos que foi atropelada, enquanto passava a passadeira, no dia 10 de julho.
“Isto é um ato cívico e reivindicativo. Não é o primeiro acidente. Ainda hoje [quinta-feira], no decorrer desta manifestação, se deram conta, passou, sem respeitar o [semáforo] vermelho, um carro com alguma aceleração”, realçou à agência Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta (FPCUB).
De acordo com José Manuel Caetano, ninguém está a dar importância aos peões, defendendo que sejam tomadas medidas de prevenção em relação ao excesso de velocidade nas estradas das vilas e cidades portuguesas.
“Nós não defendemos só o andar de bicicleta, temos de defender os peões, ou seja, defender os peões e os utilizadores de bicicletas, que são os mais sensíveis e mais vulneráveis no trânsito”, observou, referindo haver “uma sinistralidade enorme” em Portugal.
Para o dirigente, o desenho das cidades e das ruas também deve ser requalificado, uma vez que “uma série de avenidas dentro das cidades” convida as pessoas a andarem mais depressa, correndo o risco de atropelar os ciclistas ou os peões.
“O Código da Estrada está brando e a ideia é penalizar com os pontos. Enquanto não se levar isto muito a sério, eu posso ser a próxima vítima, ou qualquer um de nós”, destacou, pedindo mais atenção do Governo e da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
Esta semana, várias Associações de bicicletas exigiram ao Governo medidas urgentes de segurança rodoviária e campanhas de sensibilização, no sentido de pôr fim aos atropelamentos nas estradas.
Há muitos anos utilizadora da bicicleta, Rita Bastos afirmou à Lusa ter medo de pedalar pelas ruas de Lisboa.
“Todos os dias vou para o trabalho e volto. Optei por este meio de transporte que é mais seguro e mais saudável, mas tenho medo”, declaru, enfatizando que é “muito perigoso”.
Considerando ser muito prudente, Rita Bastos contou que faz a Avenida Almirante Reis todos os dias e que muitos automobilistas não respeitam a velocidade.
“Fiquei feliz com aquela nova ciclovia, mas, até lá, era sempre a parte do caminho em que tinha mais medo de passar, porque muitos automobilistas não respeitam a velocidade, passam muito perto e ainda nos insultam por circularmos na bicicleta”, observou.
Por seu turno, Celso Araújo reconheceu que há muito a fazer em relação à melhoria da segurança para os ciclistas e para os peões.
“Um trabalho que a câmara [Municipal de Lisboa] poderia realizar era de consciencialização da vida em comum, ou seja, os carros podem existir e as pessoas e os ciclistas também. Acho que aqui falta um apelo do lado da câmara, e não só da câmara, do país como um todo”, salientou.
Para o ciclista amador, as entidades deviam ensinar as pessoas de que é possível coabitar.
“É preciso explicar que ciclistas e carros podem conviver desde que se respeitem uns aos outros”, concluiu.
À mesma hora da concentração no Campo Grande, decorreram também vigílias em Aveiro, Braga, Évora, Faro, Guarda, Lisboa, Porto e Santarém.
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