“Estamos aqui porque este orçamento não dá resposta àquilo que é a situação dos trabalhadores, das populações”, disse a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, à comunicação social durante a iniciativa que ocorreu em dia de votação do Orçamento do Estado.
Para a dirigente, este é “um orçamento que mantém as opções que o PS e o seu Governo têm tido na política”, e alertou que a inflação e o aumento do custo de vida não se refletem “de igual maneira para todos”.
“Quem tem os salários mais baixos, quem tem as pensões baixas não consegue aceder aos bens e aos produtos essenciais”, sublinhou Isabel Camarinha.
As declarações da responsável sindical foram proferidas depois da apresentação de uma resolução composta por oito reivindicações.
Argumentando que as medidas propostas garantem uma melhor distribuição da riqueza e de uma vida digna para quem a produz, a resolução pede um aumento dos salários acima dos 10% e dos 100 euros, a valorização das carreiras e profissões, salário mínimo nacional de 850 euros a partir de janeiro, reposição do direito de contratação coletiva, 35 horas de trabalho semanal para todos, erradicação da precariedade, revogação das “normas gravosas” da legislação laboral e o reforço dos serviços públicos e funções sociais do Estado.
Para que se alcancem esses objetivos, Isabel Camarinha registou que tem de haver uma “luta em cada local de trabalho, em cada empresa, em cada serviço”, porque “é aí que os trabalhadores são confrontados com o baixo salário, com o horário longo e desregulado, com vínculos precários”.
A dirigente sindical voltou a criticar os acordos assinados entre Governo e sindicatos da administração pública e na concertação social, dizendo que “não é com estes acordos que foram assinados (…) que se vai garantir o aumento dos salários”.
No caso da administração pública, o acordo “não garante, sequer, a reposição do poder de compra”, enquanto no setor privado, a CGTP não subscreveu os acordos por entender que vão “reduzir direitos, reduzir salários” e não garante a melhoria das condições de trabalho.
Questionada se a confederação sindical admite a realização de uma greve geral, Isabel Camarinha remeteu para a semana de 10 a 17 de dezembro, para a qual a CGTP convocou uma ‘semana de luta’.
“Agora vamos ter essa ação, e, depois, naturalmente, os órgãos da CGTP — o seu conselho nacional — reunirão e verá como irão prosseguir a luta se não houver as respostas necessárias”, assinalou, garantido que “estão todas as formas de luta, sempre, em cima da mesa”.
Durante a concentração, o Orçamento do Estado para 2023, entretanto aprovado no parlamento com os votos favoráveis do PS e as abstenções dos deputados únicos do Livre e do PAN, foi assobiado várias vezes pelas centenas de pessoas que se encontravam junto à Praça da Constituição de 1976.
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