“Uma vez disse que um dos meus maiores erros foi acreditar que a quantidade de perdas que infligimos ao inimigo pode detê-lo, porque ocorreria com qualquer outro país, mas esse não é o caso da Federação Russa”, frisou Zaluzhni, citado pelos meios de comunicação social ucranianos e russos.

Zaluzhni salientou que há pela frente “montanhas de cadáveres russos que ninguém tenta retirar”.

“Cada dia aparecem mais e mais pessoas e, infelizmente, esta é a atitude da Rússia para com o seu próprio povo”, apontou.

Para o chefe das Forças Armadas ucranianas, é atualmente difícil prever quantas baixas a Rússia poderá suportar até terminar com a guerra.

Mesmo assim “acredito que seja necessário” infligir continuamente baixas ao Exército russo “até que se recuse a continuar as hostilidades contra o nosso país”, acrescentou.

Segundo Kiev, nos 671 dias de guerra, a Rússia perdeu 354.960 homens em combate, enquanto o serviço de língua russa da rede BBC e o portal independente Mediazona confirmaram pelo menos 39.424 mortes.

Zaluzhni garantiu que a Ucrânia está a fazer o possível para responder adequadamente aos planos russos em 2024, inclusive no domínio tecnológico, para evitar um “impasse na guerra”.

“Identificamos estes problemas e já encontrámos cerca de 90% das soluções para estes problemas, que terão de ser resolvidos para agirmos de forma mais eficiente no próximo ano e, o mais importante, para mantermos as pessoas [vivas]”, sublinhou Zaluzhni.

O líder das Forças Armadas da Ucrânia indicou ainda que não apresentou qualquer pedido ao Governo com um número específico de pessoas a serem mobilizadas, depois de o Presidente Volodymyr Zelensky e o líder do partido no poder no Parlamento, David Arajamia, terem afirmado que os militares tinham solicitado entre 400 mil e 500.000 soldados adicionais.

Valeri Zaluzhni sublinhou que qualquer estimativa expressa não implica que os soldados tenham de ser mobilizados imediatamente.

E manifestou a esperança de que os militares que atualmente lutam na frente possam deixar o Exército “após 36 meses” de serviço militar, o que seria em 2025 e apenas sob duas condições: se não houver escalada na frente e se houver quem substituí-los.

Advertiu, no entanto, que este objetivo pode ser muito difícil de alcançar, perante a realidade no terreno.

Zaluzhni frisou também que não cabe às Forças Armadas da Ucrânia avaliar a escolha dos ucranianos que atualmente se encontram no estrangeiro.

O Governo ucraniano já enviou ao Parlamento dois projetos de lei para melhorar o processo de mobilização, que prevê a redução da idade de recrutamento para 25 anos em dois anos e medidas contra quem escape ao recrutamento, incluindo a notificação eletrónica de citações.

“Todos têm de defender a Ucrânia”, não apenas aqueles que se juntaram ao Exército em 2022-2023, observou Zaluzhni.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.