Em Brest, nas primeiras reuniões ministeriais informais sob a presidência francesa do Conselho da UE, que começou a 01 de janeiro, o Alto Representante da União para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, que já presidiu na quarta-feira à noite a um jantar de trabalho dos ministros da Defesa, dirigirá também, entre hoje e sexta, uma reunião dos chefes da diplomacia.

Nos encontros, Portugal está representado pelos ministros da Defesa, João Gomes Cravinho, e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Depois de uma reunião conjunta dos 27 ministros da Defesa e dos 27 ministros dos Negócios Estrangeiros, a configuração do Conselho conhecida como ‘Jumbo’, a ter lugar hoje num almoço de trabalho, os chefes da diplomacia vão concentrar-se, durante toda a sessão da tarde, nas tensões a leste, designadamente na Bielorrússia, mas, sobretudo, na fronteira da Ucrânia com a Rússia, face à ameaça de uma agressão militar por Moscovo.

Antes, os 27, no Conselho ‘Jumbo’, prosseguirão a discussão em torno da ‘Bússola Estratégica’, o documento orientador da nova política de Defesa da UE, que deverá ser adotado pelos chefes de Estado e de Governo da União em março próximo, e que visa estabelecer as novas diretrizes de política de Defesa da União, designadamente com vista ao reforço da autonomia estratégica do bloco europeu.

Toda a tarde deverá ser consagrada a discussões entre os chefes de diplomacia sobre as tensões nas fronteiras a leste, e sobretudo o conflito entre Rússia e Ucrânia, tal como indicou na quarta-feira o ministro Santos Silva.

“O tema de agenda que nos ocupará, aliás, praticamente toda a tarde de amanhã [quinta-feira] é o relativo à segurança na fronteira leste da União Europeia e, naturalmente, isso envolve também a situação que se vive hoje na fronteira leste da Ucrânia”, disse, em Lisboa, na quarta-feira.

Na ocasião, Santos Silva defendeu que “é preciso ter com a Rússia uma relação que implique ao mesmo tempo firmeza na defesa dos nossos interesses, capacidade de dissuasão quando as ações russas se tornam agressivas, por um lado, e, por outro lado, diálogo político”.

O chefe da diplomacia portuguesa salientou que o diálogo político com a potência euro-asiática que é a Rússia “é ainda mais importante quando as circunstâncias são mais difíceis”.

Augusto Santos Silva admitiu que a relação com a Rússia atravessa um “momento muito difícil”, mas manifestou-se relativamente otimista quanto às negociações, por notar que Moscovo deu sinais de que entendeu a firmeza das posições ocidentais.

“Estou otimista no sentido em que a Rússia possa compreender, e vai dando alguns sinais disso, que ninguém tolerará qualquer ação militar empreendida ou patrocinada por Moscovo contra a Ucrânia”, disse o ministro, numa semana que tem sido marcada pelos esforços diplomáticos com vista a reverter a escalada de tensão militar que faz recear um conflito armado entre Rússia e Ucrânia.