"O senhor primeiro-ministro sabe que tem pela frente um desafio que já não consegue concretizar, a desorganização e a desorientação geral do Governo são prova disso mesmo. O caos na saúde, nos combustíveis, no aeroporto e um ministro que já não existe são a prova final que precisávamos de que este Governo já não está cá para exercer funções", afirmou.

No arranque do debate na Assembleia da República, André Ventura insistiu que "esta moção de censura não é feita por qualquer motivo de agenda política nem por qualquer motivo supérfluo", mas sim pela "agenda dos portugueses".

Dirigindo-se diretamente ao primeiro-ministro, o deputado do partido de extrema-direita afirmou que “o Governo falhou na sua missão fundamental de restaurar a dignidade de Portugal e restaurar aquilo que os portugueses precisavam para um caminho digno”.

“Os seus ministros não souberam dar uma resposta digna a um povo digno que pedia uma resposta digna num momento de crise atabalhoada e de desorganização do Estado de direito e do Governo da República”, criticou.

Na sua intervenção, André Ventura apresentou os argumentos que justificaram a primeira moção de censura a este Governo e começou por apontar “o caos nos serviços de saúde”, criticando a “ausência absoluta de resposta”.

“Serviços de saúde encerrados, pessoas a morrer por falta de atendimento, serviços de transporte de doentes parados por ineficácia deste Governo e de uma ministra que já não tem nenhum capital político e só se mantém por teimosia do primeiro-ministro António Costa”, criticou.

Noutro ponto, o deputado considerou que “o preço e o custo de vida não para de aumentar”, alertando que a “indústria portuguesa não aguenta mais, as famílias portuguesas não aguentam mais o preço que estamos a pagar, que foi primeiro por culpa da ‘troika’, depois por culpa da crise, depois por culpa da covid e agora por culpa da guerra".

E contrapôs: “Não, senhor primeiro-ministro, não é a covid, nem a guerra, nem a ‘troika’, nem a crise política, é o senhor, é o senhor primeiro-ministro que é o responsável pelo estado em que está Portugal”.

Mas a “gota final”, continuou o presidente do Chega, foi o caso com o ministro das Infraestruturas em torno do novo aeroporto da região de Lisboa.

“O que aconteceu não foi uma trica entre dois ministros, o que aconteceu envergonhou este país, colocou o país a discutir um plano que não existia, como se fôssemos todos artífices de um circo parlamentar”, defendeu, considerando que "o país não está para as birras do PS e para as tricas do PS".

André Ventura falou ainda na situação no aeroporto de Lisboa, reiterando as críticas à extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

O líder do Chega aproveitou também a sua intervenção inicial para a desafiar a oposição a acompanhar a sua bancada no voto favorável.

“Não podemos passar o dia e a hora a dizer que este Governo está fazer mal, não podemos passar o dia e a hora a dizer que o ministro Pedro Nuno Santos tem de ser demitido, a dizer que a ministra da saúde já não tem capital político, que o país está no mau caminho e quando chega a hora votamos ao lado do Governo e não ao lado de quem apresenta uma moção de censura”, declarou.

"Se a esquerda e a direita, ou alguma direita que não é direita, acham que isto não é suficiente para votar uma moção de censura, então nós continuaremos sós como temos de continuar, mas continuaremos confiantes de que este é o caminho que os portugueses pediam", salientou André Ventura.

Chega acusa PSD e IL de falta de coragem para acompanhar moção de censura

No encerramento do debate em torno da moção de censura ao Governo de António Costa apresentada pelo Chega, Pedro Pinto apontou que o facto de o proponente ter ficado sozinho no voto favorável a esta iniciativa mostra um “parlamento unido contra o único partido que faz oposição em Portugal”.

O deputado defendeu que o “Governo merece ser censurado, mas PSD e IL parecem não ter coragem para o fazer”.