“Com o incómodo que compreendo que seja para essas pessoas, nós decidimos avançar hoje para um potestativo, ou seja, um obrigatório urgente, para chamar ao parlamento a secretária que marcou esta consulta”, afirmou André Ventura.

O presidente do Chega falava aos jornalistas antes de um contacto com a população no bairro de Alvalade, em Lisboa.

André Ventura disse que o requerimento já foi entregue na Comissão de Saúde e espera que a audição possa ocorrer na próxima semana, assim como a do presidente do Infarmed.

“É importante que quem marcou explique porque é que marcou, com que objetivos, com que finalidade e a pedido de quem”, defendeu, dizendo ter “quase a certeza de que quem marcou esta consulta o fez a pedido do secretário de Estado ou da ministra”.

“Eu não acredito que uma secretária ou um secretário marque consultas no Serviço Nacional de Saúde por sua iniciativa. Isso significa que alguém lhe deu essa ordem, nós queremos saber quem”, indicou.

André Ventura disse saber de quem se trata, mas recusou “nomear essa pessoa até ter a certeza absoluta que foi ela”.

O líder do Chega disse que o requerimento pede a audição, “em termos genéricos, da equipa de secretariado ou ao elemento do secretariado que marcou a consulta e que a auditoria identificou”, apontando que “os serviços parlamentares vão identificar essa pessoa, provavelmente através da auditoria, e chamá-la”, aproveitando para acusar o PS de “não permitir que este caso seja encerrado” e de “não deixar outra solução”.

Ventura defendeu igualmente que seria preferível ouvir os ex-governantes Marta Temido e António Lacerda Sales e, “eventualmente o Presidente da República, o seu filho e os pais das gémeas”.

“Mas uma vez que o PS não aceita que estes governantes venham dar as explicações que o país precisa, então nós optamos por fazer, infelizmente, a última hipótese que temos antes de terminar a legislatura”, afirmou.

O presidente do Chega considerou que o silêncio destas pessoas sobre este caso “está a prejudicar a campanha eleitoral e o esclarecimento”.

“Nós não vamos sair disto, não vamos conseguir mudar de tema, enquanto não tivermos o esclarecimento se houve ou não fraude e abuso no Serviço Nacional de Saúde. E hoje a nossa consciência é de que houve um crime no Serviço Nacional de Saúde, ou abuso de poder, ou tráfico de influência ou corrupção”, alegou, salientando que “o parlamento tem que saber o que é que aconteceu”.

André Ventura falou ainda em cobardia de quem sabe que “pode estar a implicar pessoas que executaram ordens deles e não serem capazes de dar a cara”, advogando que “nem sequer é possível alegar que os envolvidos não têm consciência da ilicitude dos factos”.

O caso duas crianças gémeas residentes no Brasil que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, com um custo total de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro.