André Ventura percorreu hoje zonas próximas da Almirante Reis, em Lisboa, com tendas montadas à volta da Igreja dos Anjos e em ruas próximas, depois de notícias que apontam para a existência de 10.773 pessoas sem-abrigo em Portugal, contra os 6.044 em 2018, um aumento de 78% em quatro anos.
No mesmo dia em que os líderes do PCP e do BE marcaram presença em Lisboa numa manifestação do Movimento Vida Justa, num protesto para exigir condições de vida dignas, o líder do Chega considerou que hoje “é importante que todos os partidos parlamentares coloquem o tema da habitação na agenda política”.
“Optámos por destacar esta temática, tendo nos últimos dias sabido do aumento do número de sem-abrigo. Este é um dos sinais das promessas falhadas do governo de António Costa, mas também, infelizmente, do presidente da República”, acusou, recordando que, em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa tinha apontado a meta de em 2023 terminarem as situações de sem-abrigo.
Ventura defendeu que os partidos têm de reconhecer que falharam — fez também o seu ‘mea culpa’ por não ter incluído este tema no programa ou na anterior campanha eleitoral — e defendeu que há duas vias para lidar com o problema: através de novas políticas de habitação e de um maior controlo da imigração.
“Estamos a receber muito mais imigrantes do que aqueles que podemos — muitos novos sem abrigo vêm dos segmentos da imigração -, deixamos as pessoas vir e não temos soluções de habitação”, afirmou, dizendo que Portugal tem “a mais baixa taxa de oferta pública” de habitação da Europa.
Ventura responsabilizou o governo por estas falhas e lamentou que a esquerda “prefira atacar quem investe em Portugal, os senhorios e o alojamento local”, deixando também críticas aos partidos de direita.
“Há uma direita que prefere não entrar neste debate e fica em casa hoje, há outra que vem à rua e diz que tem outras soluções que não as que a esquerda quer apresentar”, disse, defendendo, sobretudo, mais construção de habitação e menos burocracia nos licenciamentos, além de uma “imigração regulada”.
Depois de falar aos jornalistas, Ventura cumprimentou algumas das pessoas sem-abrigo que estavam junto às tendas, umas dizendo estar na rua há semanas, outras há meses e outras há mais de cinco anos.
O aumento das rendas, a perda de trabalho ou situações de doença foram as justificações mais frequentes relatadas pelas pessoas com quem o líder do Chega se cruzou, acompanhado dos deputados e autarcas eleitos por Lisboa.
Algumas pessoas que passavam na rua pela comitiva do Chega gritaram ‘fascistas’, outras fizeram questão de ir cumprimentar André Ventura, e algumas das pessoas em situação de sem-abrigo agradeceram-lhe a visita.
“Adorei conhecê-lo”, disse uma senhora que afirmou ter-se mudado para uma tenda junto à Igreja dos Anjos há duas semanas.
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