“São alguns países da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] que continuam a deitar achas para a fogueira”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, frisando que a China “não criou a crise na Ucrânia e nem é parte dela”.
Mao Ning reiterou a posição da China sobre o conflito, sublinhando que Pequim está empenhada em “facilitar conversações de paz” e que a China gere a exportação de bens militares de forma “prudente e responsável”, atuando em conformidade “estrita” com as leis nacionais e as obrigações internacionais.
Sexta-feira, à margem do Fórum de Segurança de Aspen (Estados Unidos), Emmanuel Bonne, conselheiro político do Presidente francês, disse que há indícios de que a China está a fornecer equipamento militar não letal à China.
“Sim, há indícios de que eles estão a fazer coisas que preferíamos que não fizessem”, disse o assessor, Emmanuel Bonne, à CNN à margem do Fórum de Segurança de Aspen, no Colorado, Estados Unidos.
“Bem… equipamento militar… Pelo que sabemos, eles forneceram grande capacidade militar à Rússia”, declarou.
No entanto, outros funcionários consultados pela mesma cadeia televisiva referiram que essa assistência seria tecnológica, como equipamentos não letais, incluindo capacetes e coletes antibalísticos.
Segundo publica hoje o site noticioso Politico, a China está a enviar secretamente à Rússia equipamento suficiente para equipar um exército e os compradores russos declararam encomendas de centenas de milhares de coletes e capacetes à prova de bala fabricados pela empresa chinesa Shanghai H Win.
A Rússia importou mais de 100 milhões de dólares (90.200 milhões de euros) em ‘drones’ da China este ano — 30 vezes mais do que a Ucrânia, segundo a mesma fonte.
E as exportações chinesas de cerâmica, um componente utilizado em coletes à prova de bala, aumentaram 69% para a Rússia, para mais de 225 milhões de dólares (203 milhões de euros), enquanto caíram 61% para a Ucrânia, para uns meros cinco milhões de dólares (4,05 milhões de euros), segundo dados das alfândegas chinesas e ucranianas.
“O que é muito claro é que a China, apesar de todas as suas afirmações de que é um ator neutro, está de facto a apoiar as posições da Rússia nesta guerra”, disse Helena Legarda, analista principal especializada em defesa e política externa chinesa no Instituto Mercator para Estudos sobre a China, um grupo de reflexão de Berlim, citada pelo Politico.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a China declarou a sua neutralidade e até se propôs como intermediária no conflito.
No entanto, os parceiros de Kiev pediram a Pequim que mostre maior determinação e condene a agressão de Moscovo.
No início do ano, os Estados Unidos e seus aliados acusaram a China de apoiar a Rússia ao não cortar os laços económicos.
Algumas declarações foram qualificadas de difamatórias por Pequim, que defendeu a sua soberania para cumprir os seus próprios acordos comerciais e não seguir as sanções unilaterais do Ocidente.
Em março, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou Moscovo e, após reunir-se com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, referiu-se a uma “nova era” no aprofundamento das relações entre os dois países.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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