“É uma perda muito grande para o país porque era uma artista plástica e uma escultora muito importante”, disse à agência Lusa a reitora da academia alentejana.

Ana Costas Freitas realçou também o “trabalho inestimável” da professora e artista plástica, de 74 anos, para a Universidade de Évora (UÉ), em especial para a atual Escola de Artes da instituição, à qual “deu um impulso enorme”.

“Impulsionou tudo isto e dedicou-se muito, inclusive a toda a reconstrução da Fábrica dos Leões", onde funciona a Escola de Artes da academia, realçou.

Clara Menéres, cuja vida e obra ficaram marcadas pela religiosidade, morreu na quinta-feira, ao princípio da noite, numa unidade hospitalar em Lisboa, disse hoje à Lusa fonte da família.

Licenciada em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, expôs individualmente, pela primeira vez, em 1967 e foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, doutorando-se na Universidade de Paris VII, em 1983.

Foi também investigadora do Center for Advanced Visual Studies do Massachusetts Institute of Technology (MIT), entre 1989 e 1991.

Iniciou a atividade pedagógica na Escola Superior de Belas Artes do Porto e foi também professora da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, lecionando igualmente na Universidade de Évora, de 1996 a 2007, altura em que se aposentou, tendo-lhe sido atribuída pela academia alentejana a categoria de professora catedrática emérita.

No seio da UÉ, indicou hoje a instituição, a artista foi ainda diretora da Comissão de Curso de Mestrado em Artes Visuais (2004), presidente da Comissão Científica das Artes (2005), responsável pelo Proto-Departamento de Artes Visuais (2006) e presidente do Conselho do Departamento de Artes Visuais (2007).

A escultora tem, atualmente, uma peça da sua autoria, intitulada “Deus”, em exposição em Évora, integrada na mostra “WAH!”, com trabalhos de 20 mulheres artistas portuguesas e patente ao público, até 01 de julho, no Centro de Arte e Cultura (CAC) da Fundação Eugénio de Almeida.

Contactado pela Lusa, José Alberto Ferreira, diretor do CAC e curador da exposição, lamentou a morte da artista, cujo percurso “deixou marcas importantes em vários momentos da cultura portuguesa”.

“Teve atitudes marcantes na sociedade portuguesa” e as suas “obras de início de carreira”, como “A Menina Amélia que vive na Rua do Almada" e “Jaz morto e arrefece o menino de sua mãe”, que representa um soldado morto na Guerra Colonial, conquistaram “o estatuto de ícones das tensões ideológicas da sociedade portuguesa no período antes do 25 de Abril”, recordou o curador.

E, depois da Revolução do 25 de Abril, destacou José Alberto Ferreira, a artista “teve sempre uma atitude de grande rigor e de grande intervenção e lucidez na criação e na relação da criação com a vida, com as pessoas e com a realidade política e ideológica do país”.

O corpo de Maria Clara Rebelo de Carvalho Menéres, natural de Braga, onde nasceu a 22 de agosto de 1943, estará, a partir do final da tarde de hoje, em câmara ardente na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, estando o funeral marcado para sábado de manhã, para o cemitério de Santo Estevão de Barrosas, em Lousada, no distrito do Porto.

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