"A Procuradoria-Geral da Nação tomou conhecimento de que o senhor Clíver Alcalá Cordones se entregou às autoridades americanas", informou o ente-acusador colombiano em comunicado divulgado este sábado. "No momento da entrega, não existia ordem de captura nem pedido de extradição."
Alcalá apresentou-se esta sexta-feira a agentes colombianos, que o entregaram às autoridades americanas, informou o jornal "El Tiempo", de Bogotá. Os Estados Unidos tinham oferecido esta semana até 10 milhões de dólares de recompensa por informações que levassem à sua captura.
O ex-militar, que vivia na cidade colombiana de Barranquilla há cerca de dois anos, foi enviado a Nova Iorque num voo com autorização especial, no meio do confinamento geral decretado na Colômbia por causa da pandemia do novo coronavírus, informou o jornal.
Imagens reveladas pelo El Tiempo mostram o antigo oficial de alta patente com a cabeça rapada, embarcando num avião sem algemas ou controlo de segurança aparente.
O ex-chefe da polícia venezuelana, Iván Simonovis, preso pelos Estados Unidos no ano passado depois de fugir do seu país após passar 15 anos na prisão, disse à AFP que tinha informações de que o general estava a ser transferido ou já estaria em Nova Iorque.
"Família, despeço-me por um tempo, enfrento as responsabilidades das minhas ações com a verdade", afirma Alcalá, de 58 anos, em vídeo publicado ontem na sua conta no Instagram.
Procurados pela AFP, a polícia e o governo colombianos e a embaixada dos Estados Unidos em Bogotá não forneceram informações sobre a rendição. O Departamento de Justiça dos EUA recusou-se a comentar o caso este sábado, assim como a DEA, agência antidrogas dos EUA, no dia anterior.
Alcalá na Colômbia
A procuradoria colombiana informou, ainda, que investiga a relação de Alcalá com um armamento confiscado pela polícia no município de Puerto Viejo, departamento de Magdalena, no último dia 23.
Alcalá publicou esta semana em suas redes sociais que as armas eram suas e estavam destinadas a uma operação militar para "iniciar a libertação da Venezuela". Segundo afirmou à emissora W Radio, o arsenal estava incluído num contrato assinado pelo parlamentar opositor Juan Guaidó com assessores americanos.
Na última quinta-feira, o governo americano acusou Maduro e 13 funcionários e ex-funcionários venezuelanos de narcotráfico, entre eles Alcalá, colaborador do presidente falecido Hugo Chávez.
O general retirou-se das forças militares em 2013, quando Maduro assumiu o poder, após a morte de Chávez. Tornou-se, então, um opositor de Maduro, fugiu para a Colômbia e uniu forças com Guaidó, reconhecido por meia centena de países como presidente interino da Venezuela.
A acusação de Washington é a mais recente escalada dos esforços do governo de Donald Trump para tirar do poder aquele que considera um ditador e pelo qual ofereceu até 15 milhões de dólares de recompensa. Maduro e os demais são acusados de usar a cocaína "como arma" contra os Estados Unidos nas últimas duas décadas, ganhando centenas de milhões de dólares.
Maduro negou as acusações e criticou Trump. Apesar da pressão internacional, o presidente venezuelano mantém-se no poder com o apoio das Forças Armadas, da China, Rússia e de Cuba.
No sábado, o Presidente venezuelano agradeceu o apoio manifestado pelas Forças Armadas do país, depois de ter sido acusado de narcoterrorismo. Nicolás Maduro pediu aos simpatizantes da revolução bolivariana que identifiquem mercenários e paramilitares no país, sublinhando que a união cívico-militar-policial é a chave para detetar grupos irregulares.
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