“Há um problema que era preciso analisar. As restrições feitas no SNS durante os tempos da crise ultrapassaram aquilo que era obrigatório. (…) Até que ponto isso não foi feito e concertado para que os privados tivessem este desenvolvimento que têm agora?”, questionou a ex-ministra de um Governo socialista, que admite que o SNS está em crise.

Em declarações à agência Lusa, a médica recorda que o desenvolvimento do setor privado foi enorme nos últimos anos e coincidiu com as restrições que foram “além da ‘troika’”.

“É muita coincidência e é em paralelo que isso acontece”, indicou.

Ana Jorge entende que a crise no SNS se centra sobretudo nos profissionais e nos recursos humanos, com a saída de “muitos profissionais qualificados” e falta de capacidade de reter profissionais.

Já em termos de indicadores e resultados em saúde, considera que são positivos e que são também conquistas dos profissionais que trabalham no SNS.

A antiga ministra participou na elaboração do Relatório da Primavera 2019 do Observatório Português dos Sistemas de Saúde, onde assumiu que o “SNS está em forte crise”.

“Considero que o principal problema do SNS, que ameaça a sua sustentabilidade e também a qualidade do seu funcionamento, é no meu entender, os seus profissionais de saúde. Os recursos humanos são o desafio primordial do SNS, e da sua resolução dependerá a qualidade e a eficácia da sua prestação de cuidados de saúde aos portugueses”, escreveu a antiga ministra de um Governo socialista.

Ana Jorge entende que todos os profissionais de saúde “têm de voltar a ter orgulho de trabalhar no SNS” e manifesta preocupação por sentir nos trabalhadores do setor uma “desilusão com o serviço público”.