“A delegação do governo agradece a hospitalidade da Venezuela para realizar uma reunião extraordinária com a delegação do ELN na próxima semana”, referiu um comunicado assinado na sexta-feira pelo chefe dos negociadores do governo colombiano, Otty Patiño.
O documento, divulgado nas redes sociais pelo senador Iván Cepeda, que integra a equipa de negociadores, lembra que o segundo ciclo de conversações oficiais com o ELN “começará no México, em meados de fevereiro”, e que por isso é preciso superar divergências.
O ELN, que mantém negociações de paz com o governo, rejeitou no início do mês um cessar-fogo bilateral de seis meses anunciado pelo Presidente colombiano Gustavo Petro, já que o assunto não foi tratado na mesa de diálogo realizada em Caracas.
“Como o governo não cumpre os procedimentos de discussão da mesa e toma medidas unilaterais e as torna públicas, esses procedimentos colocam em crise o desenvolvimento” das negociações, disse na altura o ELN.
Petro tem defendido uma política de “paz total” à qual pretende vincular vários grupos armados que operam no país, para iniciar negociações de paz, embora neste momento o ELN seja o único com quem já iniciou um diálogo formal.
Na véspera do Natal, o ELN declarou um cessar-fogo unilateral durante a época festiva que terminou a 02 de janeiro, mas esclareceu que a trégua era apenas com “as Forças Armadas e policiais do Estado”.
Ou seja, a trégua não abrangia outros grupos com os quais o ELN está em conflito, incluindo dissidentes do antigo movimento das Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARC).
Na quarta-feira, funcionários do departamento colombiano de Arauca, na fronteira com a Venezuela, anunciaram que pelo menos dez pessoas morreram em resultado de um confronto entre o ELN e dissidentes das FARC.
A Frente de Guerra Leste, uma das mais poderosas do ELN, trava uma guerra pelo controlo territorial de Arauca, o seu principal bastião, com a 10ª frente de dissidentes das FARC, grupo que não aceitou o acordo de paz assinado em 2016 com o Governo.
Em janeiro de 2022, confrontos entre os dois grupos armados ilegais deixaram quase uma centena de mortos em vários municípios de Arauca.
O vice-diretor interino da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, Juan Pappier, pediu na quarta-feira a convocação urgente do grupo que apoia a secretaria técnica do comité interinstitucional de alerta prévio do Ministério do Interior da Colômbia para serem tomadas medidas “para evitar uma nova escalada de violência” e que a força pública garanta a segurança para que o Ministério Público “possa entrar para recolher os corpos e investigar os fatos”.
Comentários