Ao longo dos últimos dias foram postas em prática várias medidas de contingência que afetam todo o país. O Governo declarou esta madrugada estado de alerta e aconselha distanciamento social a toda a população. Isto significa que os portugueses precisam de procurar alternativas a várias atividades que faziam parte do seu dia a dia. É neste contexto que a internet se revela uma mais-valia em tempos de Covid-19.

Investir no e-learning      

Com a antecipação das férias da Páscoa e o encerramento de escolas por todo país, de infantários a universidades, até ao dia 12 de abril, milhões de alunos viram a suas atividades letivas suspensas. A medida foi anunciada na passada quinta-feira, 12 de março, pelo primeiro-ministro, António Costa, que sublinhou a importância de os alunos poderem continuar a aprender durante o período de isolamento.

De forma a reforçar a aprendizagem à distância, editoras e plataformas de e-learning (ou aprendizagem eletrónica, numa tradução livre para português), tornaram os seus serviços online mais acessíveis. O Grupo Porto Editora permite o acesso gratuito à plataforma Escola Virtual e também o Grupo LeYa abriu os seus conteúdos digitais na plataforma Banco Aula Digital, para professores e alunos. Segundo os respetivos comunicados, estas medidas procuram diminuir o impacto da pausa letiva.

Evitar as filas nos supermercados

Nos últimos dias temos assistido a uma corrida incessante aos supermercados. Há quem encha a despensa de forma desmedida, mas também há quem seja consciente e opte apenas pelo essencial. De forma a evitar o contacto social e as filas, as compras online poderão ser a alternativa mais prática e segura para quem se encontra em isolamento.

Pingo Doce, Intermarché, El Corte Inglés e Auchan são alguns dos principais supermercados que lhe permitem fazer compras à distância. Estes serviços estão espalhados um pouco por todo o país e, a longo prazo, poderão ser a melhor opção. Mas até os serviços de entrega em casa sofreram alterações. O Continente, por exemplo, anunciou já alterações no serviço Continente Online, como medida de prevenção. Para além de recomendar os pagamentos através de cartão, ou mesmo através de plataformas digitais como o MBWay e PayPal, as entregas passam a ser feitas à porta de casa do cliente, e não dentro de casa, de forma a diminuir o contacto entre estafeta e consumidor.

Dada a afluência, a Auchan instalou um sistema de filas de espera que prevê que cada consumidor tem apenas 30 minutos para efetuar as suas compras. O Pingo Doce alerta também os clientes para a possível demora na entrega, ainda que os serviços estejam a ser reforçados.



As refeições prontas não deixam de ser uma opção

Com a redução da lotação máxima dos restaurantes para um terço e o aconselhamento de isolamento social, os serviços de entrega de refeições procuram ser a solução para os portugueses. Uber Eats, Glovo e Takeaway.com são as opções de entrega de comida em casa mais conhecidas, e podem ser uma opção para que os consumidores não tenham de se deslocar aos restaurantes. Há também várias cadeias que disponibilizam serviço de encomendas e que podem ser uma opção. É o caso da Pizza Hut, Domino’s Pizza e Burger King.

Para além de uma alternativa prática, há ainda campanhas especiais a decorrer no âmbito da conjuntura que se vive. A Uber Eats, por exemplo, procura tornar a entrega de refeições ao domicílio ainda mais acessível e anunciou que vai suspender a taxa de entrega durante o período do almoço, numa medida com validade até ao final do mês de março.

Medicamentos à sua porta

Não é de agora que existem serviços que facilitam o acesso a medicamento para aqueles que não têm a opção de os adquirir na farmácia. Nesta altura é fundamental que não faltem medicamentos em casa, especialmente se sofre de alguma condição que implique tomar comprimidos diariamente. Certifique-se de que o seu stock consegue cobrir, pelo menos o prazo de um mês. Se, por outro lado, lhe faltarem fármacos, os sites A Farmácia Online, A Sua Farmácia Online, FarmaHome, MiFarma ou GamaFarma poderão ser a solução.

As plataformas de compra de medicamentos online disponibilizam todo o tipo de produtos que se possam comprar numa farmácia física, possibilitando a entrega por todo o país (alguns serviços cobrem, inclusive, o território insular).

Em quarentena não significa estar parado

É aconselhada a permanência em casa, mas ainda que não haja medidas em concreto aplicadas às idas ao ginásio, é fundamental arranjar uma solução mais segura. O exercício físico em casa pode ser uma alternativa a explorar. Atualmente há várias aplicações e plataformas que não surgiram no contexto de pandemia, mas de que todos podem tirar partido.

Para além dos inúmeros canais de YouTube que simulam aulas de ginásio, englobando todo o tipo de modalidades, há ainda várias aplicações gratuitas disponíveis, com rotinas de exercício físico personalizáveis, para manter a população ativa e saudável, mesmo em tempos de quarentena.

Nas redes sociais, há mesmo quem procure criar rotinas diárias de exercício físico, um pouco por todo o país, através de transmissões em direto. A influencer digital Helena Coelho e o personal trainer Paulo Teixeira são um dos exemplos que procuram motivar as redes sociais para a necessidade de não parar em tempos de isolamento. Diariamente, através da rede social Instagram,  alternando as respetivas contas, a dupla promove a iniciativa #EstouEmCasaMasTreino, com treinos em direto de 16 minutos, com início às 19h30.

A cultura não fica de lado

Os serviços de streaming já são conhecidos por muitos, mas é em fase de isolamento social que plataformas como Netflix e HBO podem ser o seu companheiro mais fiel na hora de passar o tempo. Para quem, por outro lado, prefere um bom livro, a Wook é uma das principais lojas online com entrega ao domicílio e disponibiliza também uma seleção de eBooks (ou livros eletrónicos, numa tradução livre para português) para quem preferir optar por fazer scroll, em vez de virar páginas.

A música - leia-se, os concertos - também não demorou a "mudar-se" ao digital. Vários espetáculos cancelados devido às medidas preventivas do Covid-19 arranjaram a sua alternativa no mundo online e já há até um festival que promete juntar multidões... no Instagram. “Eu Fico Em Casa” conta com a colaboração de 78 artistas e promete vir matar a fome daqueles que se alimentam de música, sem colocar em risco a saúde pública.

Dos palcos para a transmissão online, quem também encontrou uma alternativa em altura de pandemia foi o teatro. Com vários espetáculos cancelados, foram várias as companhias de teatro que optaram pelas redes sociais, como forma de chegar aos espetadores. Um dos exemplos foi a companhia Teatro do Nordeste, de Viana do Castelo, que decidiu transmitir na sua página de Facebook a peça "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", depois de cancelar atuações que previam a presença de mais de 7.000 alunos.

E como é preciso arranjar alternativas diferentes, a internet mostra-nos que não faltam cantos para explorar. Louvre, Prado, Museu Vaticano e Metropolitam Museum of Art são alguns dos museus mais conhecidos do mundo, e estão agora disponíveis em formato virtual. Outros nomes como National Gallery of Art, Museu Hermitage, British Museum e National Archaeologial Museum são outros grandes nomes que agora pode visitar a partir de casa.

Por cá, o Museu Coleção Berardo anunciou que a inauguração da exposição de Julian Opie, no próximo dia 18 de março será transmitida online.

A religião também se rendeu ao online

Ainda que tenha sido anunciada a suspensão de missas a nível nacional por tempo indeterminado, há devotos que já têm alternativas aos seus rituais religiosos. O Santuário de Fátima anunciou que irá fazer celebrações à porta fechada, com transmissão em direto no seu canal de YouTube.

A Hillsong Portugal também anunciou a suspensão das reuniões agendadas para os próximos dias e divulgou a alternativa para os crentes. A nova aposta vai de acordo com condições de isolamento social e foi implementada pela primeira vez no passado domingo, dia 15 de março, que a Hillsong Portugal fez a sua primeira experiência de transmissão online, que contou com milhares de visualizações.

Solidariedade em tempos de isolamento

Há quem diga que é nas alturas difíceis que as pessoas se unem. A pandemia que estamos a viver não prova o contrário. Com todas as medidas e recomendações de isolamento, foram precisos poucos dias para se gerar uma onda de solidariedade que procura auxiliar aqueles que integram os grupos de risco, de forma a minimizar a sua exposição ao Covid-19.

O projeto SOS Vizinho junta voluntários espalhados por todo o país com o objetivo de organizar uma rede de apoio a pessoas com mais de 65 anos e doentes crónicos, para que tenham todos os bens essenciais à sua disposição, sem ter de sair de casa.

Para além do SOS Vizinho, várias juntas de freguesia já anunciaram iniciativas através das redes sociais, de forma a garantir o auxílio a quem precisar de medicamentos ou bens essenciais.