Como em 10 horas a comunidade juntou os 50 mil euros que faltavam para “Reflorestar Belver”

Um projeto para reflorestar a área devastada por dois grandes incêndios em 2017 recebeu, por parte da comunidade, o apoio financeiro (50 mil euros) que lhe faltava para avançar com a plantação de centenas de milhares de árvores e assim receber os quase 700 mil euros do PDR2020 para concluir a reablitação do espaço.

Em 2017, mais de 80% da área florestal de Belver, em Gavião, cerca de 600 hectares, foi devastada por dois incêndios. Agora, a Terras de Guidintesta - Sociedade de Desenvolvimento Rural, em colaboração com a Associação de Produtores Florestais de Belver, quer devolver àquela zona a vida que outrora teve.

O projeto chama-se “Reflorestar Belver” e pretende plantar 250 a 300 mil árvores indígenas (espécies como o pinheiro manso, o medronheiro e o sobreiro), fazer obras que visem a correção e proteção do território e a preservação e fomento da biodiversidade para a exploração dos recursos de uma forma sustentável.

85% do investimento total (628.123,36€) foi logo garantido, a fundo perdido, pelo PDR2020, uma iniciativa do Estado Português em conjunto com a União Europeia, para o desenvolvimento rural. A este acresceu o financiamento inicial de 50 mil euros, coordenado pela fintech de investimentos sustentáveis GoParity, que vai permitir o início de atividade, enquanto os promotores aguardam pelo recebimento da primeira tranche do apoio aprovado, que depende da execução inicial de parte do projeto.

Perante a abertura do crowdfunding, a comunidade respondeu de imediato, em 10 horas e 12 minutos, mais concretamente, período em que 123 investidores cobriram o valor de 50 mil euros. De acordo com a GoParity, a quantidade amealhada vai permitir plantar 270 mil árvores e evitar 5 940 toneladas de CO2.

Carlos Machado, gerente da Terras Guidintesta diz que “este projeto tem como objetivo a mudança do paradigma florestal de Belver, construindo uma paisagem mais resiliente, uma floresta sustentável baseada nos princípios da multifuncionalidade promovendo a biodiversidade, geradora de novas oportunidades em termos económicos, criadora de emprego e garantindo a necessária rentabilidade.”

“O impacto negativo que o desastre trouxe a nível não só ambiental, mas também social em Belver, deve ser corrigido o quanto antes para a sustentabilidade da região”, sublinhou.

Para além da área ardida, o projeto vai proceder à recuperação de terrenos de mais de 130 pequenos proprietários locais. “Reflorestar Belver” vai possibilitar a recuperação de uma das principais fontes de rendimento destes pequenos proprietários, a maioria na idade da reforma, contribuindo para a sua maior autonomia financeira.