No âmbito da resposta europeia à covid-19, o Partido Socialista está a promover um ciclo de conversas online com os seus eurodeputados.

Hoje foi a vez de Maria Manuel Leitão Marques responder às perguntas dos portugueses em direto.

O tema desta quinta-feira no ciclo "9 temas, 9 debates e 9 deputados" foi "Digital".

Maria Manuel Leitão Marques chegou ao Parlamento Europeu em junho do ano passado, depois das eleições de maio de 2019.

É vice-presidente da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores e tem participado ativamente no debate sobre uma Europa social num mundo digital.

Na sua última intervenção no Parlamento Europeu a este propósito, lembrou:

"Quando, em 1834, foi aprovada a lei que criou os comboios na Bélgica, um deputado alertou no Parlamento para o medo que os agricultores tinham que lhes expropriassem as terras, que os cocheiros tinham de perder o seu emprego, enfim, até para os rumores de que o leite chegaria em manteiga ao seu destino. Parece, portanto, que a transição digital não será pior do que foi a revolução industrial. Mas talvez seja mais exigente. Em primeiro lugar, a mudança que provoca é muito mais rápida e não tem fronteiras. Em segundo, é muito mais exigente na alteração das competências. Em terceiro lugar, ocorre em sociedades, felizmente, muito mais atentas do ponto de vista social. E em quarto, não se limita à fábrica, toca as nossas vidas todas, as profissionais e as pessoais. Exige, assim, não deixar ninguém para trás, democratizar o conhecimento e garantir uma distribuição equilibrada dos benefícios financeiros e em tempo livre. É preciso que isso seja feito em grande colaboração entre a política social, Senhor Comissário, e a digital. Como se fosse uma peça composta a quatro mãos com a harmonia semelhante a uma sonata de Mozart".

Em Portugal, Maria Manuel Leitão Marques foi ministra da Presidência e da Modernização Administrativa no governo liderado por António Costa e, antes disso, secretaria de Estado dos governos chefiados por José Sócrates.

Garante que tem "o vício da simplificação administrativa" e ganhou sentido crítico quase de cliente-mistério ao ter de abrir uma conta bancária, fazer um contrato de arrendamento ou comprar serviços de telefone e internet, que lhe serviu para se inspirar quando criou o Simplex, um programa para facilitar a vida das pessoas e das empresas. Admite que, em termos de burocracia, a Europa tem ainda muito a eliminar e a aprender com Portugal, e, por vezes, irrita-se com a complicação de processos que já deviam ser simples no PE.

Nasceu em Quelimane, Moçambique, e diz, com graça, que o prato que mais faz em casa, e que aprendeu com a mãe, é beringelas com camarão, "uma mistura de Europa com África, como eu própria".

É licenciada em Direito e doutorada em Economia, em Coimbra.