“Hoje, chegou o momento de confirmar direta e irrevogavelmente o respeito pela neutralidade da Moldova”, disseram os deputados numa carta dirigida à União Europeia (UE), Áustria, Rússia, Estados Unidos, Turquia, França e Suécia, segundo o portal de notícias moldovo NOI.md, citado pela agência espanhola EFE.
Na carta, de 12 de maio, os deputados comunistas e socialistas ao parlamento de Chisinau expressam preocupação sobre “tentativas de algumas forças externas de envolver a Moldova num conflito militar em grande escala”.
“Observamos diariamente declarações que contradizem o estatuto de neutralidade”, denunciou o bloco parlamentar.
Os deputados referiram-se em particular a uma reunião recente do presidente do parlamento da Moldova, Igor Grosu, com o seu homólogo ucraniano, Ruslan Stefanchuk, na qual foi alegadamente discutida a possibilidade de entregar seis caças MiG-29 moldavos à Ucrânia.
O bloco da oposição comunista e socialista denunciou também apelos para uma maior cooperação entre a Moldova e a NATO.
A oposição moldava propôs anteriormente ao partido no poder Ação e Solidariedade (centro-direita) a aprovação de uma lei sobre o estatuto de neutralidade permanente do país, mas a proposta foi rejeitada.
O parlamento da Moldova tem 101 deputados, 63 dos quais do partido governamental, com os restantes 38 distribuídos pelo Partido Socialista (22), Partido Comunista (10), que formam um bloco, e pelo movimento populista Igualdade (seis).
A possibilidade de envolvimento da Moldova na guerra aumentou no final de abril, depois de as autoridades da autoproclamada República Moldova da Transnístria (RMT), que tem uma maioria de língua russa e faz fronteira com a Ucrânia, terem relatado vários ataques contra infraestruturas do território.
De Tiraspol, a capital da RMT, o presidente dos separatistas, Vadim Krasnoselski, denunciou a Ucrânia como possível responsável pelos ataques, que não causaram vítimas.
A Ucrânia negou qualquer responsabilidade e alegou tratar-se de operações de “bandeira falsa” russas para culpar as forças ucranianas e justificar, assim, a entrada da Transnístria na guerra.
A Rússia tem cerca de 1.500 soldados permanentemente na Transnístria.
A Transnístria, um território de apenas meio milhão de habitantes, na maioria eslavos, cortou laços com a Moldova após um conflito armado (1992-1993), durante o qual recebeu assistência da Rússia.
Ao abrigo do Acordo sobre a Resolução Pacífica do Conflito na Transnístria, assinado em julho de 1992, a Rússia enviou 2.400 soldados para garantir a paz na zona, mas tem vindo a reduzir este contingente ao longo dos anos.
A Moldova, uma pequena antiga república soviética com cerca de 2,5 milhões de habitantes, localizada entre a Ucrânia e a Roménia, receia ser desestabilizada pela invasão russa da Ucrânia.
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