A posição do presidente da concelhia, Rogério Jóia, surge um dia depois de a vereadora ter assegurado que iria continuar na Câmara de Lisboa, enquanto autarca do PSD, até terminar o mandato que lhe foi atribuído pelos eleitores, apesar de lhe ter sido retirada a confiança política.

A concelhia de Lisboa do PSD anunciou na madrugada de quarta-feira que decidiu retirar a confiança política a Teresa Leal Coelho, sublinhando que o vereador João Pedro Costa passará a ser o único representante do partido na autarquia.

Num comunicado hoje divulgado, Rogério Jóia reafirma que a decisão “foi fundamentada nos termos estatutários e é uma decisão eminentemente política”.

“Teresa Leal Coelho não possui já qualquer legitimidade para, em matérias relacionadas com Lisboa, falar em nome do PSD, nem desempenha quaisquer funções em sua representação. A sua eventual persistência em intencionar o contrário apenas resultará em equívoco junto da opinião pública, que será de imediato e prontamente desmentido pelos órgãos competentes do partido”, realça o presidente da concelhia.

“Nestes termos, o mandato que Teresa Leal Coelho entender exercer na Câmara Municipal de Lisboa será unicamente unipessoal, como unipessoal tem sido a sua posição contra a deliberação do PSD Lisboa”, reforça.

Rogério Jóia destaca ainda que “as falsidades” proferidas pela vereadora relativamente a este processo são passíveis de uma “ação disciplinar no âmbito do Regulamento de Disciplina do PSD”.

Na deliberação aprovada em reunião da concelhia na noite de terça-feira, os sociais-democratas começam por justificar a decisão de retirada da confiança política com o facto de a vereadora ter votado a favor da recondução do ex-vereador do Urbanismo Manuel Salgado à presidência do conselho de administração da empresa municipal SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana, desrespeitando a orientação de voto indicada pela concelhia, e permitindo a aprovação da proposta.

No documento assinado pelo presidente da concelhia de Lisboa do PSD, Teresa Leal Coelho é também acusada de uma “total descoordenação com os órgãos do partido na cidade, consubstanciada pela verificação de algumas votações divergentes com o outro vereador do PSD [João Pedro Costa], em matérias que são politicamente sensíveis e onde - certamente por coincidência – o PS se encontrava isolado e sem o apoio do seu parceiro de gestão autárquica [BE]”.

Na quarta-feira, em declarações à agência Lusa, Teresa Leal Coelho afirmou que iria continuar a representar o partido na câmara e “terminar o mandato sempre na concretização do programa eleitoral” que apresentou às eleições autárquicas de 2017 enquanto cabeça de lista do PSD.

A vereadora deixou também críticas à concelhia de Lisboa, considerando que “o grupo de pessoas que gravita naquela estrutura” não representa o PSD, porque o partido “é muito mais do que isso”.

“Aquilo que este grupo de pessoas pode fazer são estas manifestações de retirar a confiança política, agora o que não pode fazer é retirar-me o mandato e o mandato enquanto vereadora do PSD, porque a lei, o direito, a Constituição Portuguesa não permite e, por isso, julgo que nos temos de concentrar nos problemas que a cidade de Lisboa tem”, disse.