Em declarações aos jornalistas no parlamento, Rui Rio criticou sobretudo a nomeação de Pedro Adão e Silva, salientando que “é uma pessoa marcadamente do PS, que aparece nas televisões há muitos anos sempre a defender as posições do Governo e do PS e a atacar permanentemente as oposições”.
“Para que é que é necessário nomear um comissário executivo com toda esta antecedência para comemorações que vão decorrer em 2024 e com o lugar a terminar em 2026? Vai ficar ao todo cinco anos e meio, a 4.500 euros por mês, dá seguramente mais de 320 mil euros ao todo”, criticou.
O líder do PSD afirmou que o Governo quer que, dos impostos dos portugueses, “paguem ao dr. Pedro Adão e Silva mais de 300 mil euros para organizar ou ajudar a organizar as comemorações” dos 50 anos do 25 de Abril.
“Considero isto absolutamente escandaloso e considero mesmo que se pode ler que é um pagamento pelos serviços prestados ao Partido Socialista com os impostos dos portugueses”, acusou.
Por outro lado, Rio referiu-se à indicação, noticiada por alguns jornais, da deputada do PS Ana Paula Vitorino para presidir à Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), “com um salário ainda maior”.
“Trata-se de uma nomeação feita pelo Governo da esposa de um outro ministro [Eduardo Cabrita], que não o que nomeia [Pedro Nuno Santos], mas, mais relevante do que isso, de uma deputada do PS”, afirmou, ressalvando não pôr em causa as competências técnicas da antiga ministra do Mar.
Para Rio, “ambas as nomeações são polémicas” e, por enquanto, o PSD quer “perguntar publicamente ao Governo” as razões destas nomeações, concretizando que será o primeiro-ministro, António Costa, a pessoa indicada para dar estas explicações.
Questionado se entende que Pedro Adão e Silva não tem condições para exercer o cargo, Rio respondeu que, se fosse ele o primeiro-ministro, “nunca nomearia alguém completamente conotado” com um partido.
“Não se trata de ser ou não militante, trata-se de ser militante da causa”, disse, referindo-se ao sociólogo e ex-dirigente socialista.
No caso de Ana Paula Vitorino, Rio diz que, se não estão em causa as suas competências técnicas, também não põe em causa que “entre dez milhões de portugueses haja outros igualmente competentes”.
“O Governo está cada vez a afunilar mais as suas escolhas”, criticou.
Para o líder do PSD, a indicação de Ana Paula Vitorino vem “na linha das nomeações familiares” deste Governo e, no caso de Pedro Adão e Silva, “de um controlo que o PS tem vindo a tentar exercer na comunicação social através de um conjunto de comentadores que não fazem outra coisa que não seja denegrir a oposição”.
“Contem-me lá quantos comentadores há na televisão que possam defender as posições do PSD”, desafiou.
Em 27 de maio, o Conselho de Ministros aprovou a criação de uma estrutura de missão para organizar as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se assinala em 2024, nomeando Pedro Adão e Silva como comissário executivo.
Pedro Adão Silva é professor auxiliar do departamento de ciência política e políticas públicas no ISCTE, diretor do Doutoramento em Políticas Públicas da mesma instituição e comentador em vários órgãos de comunicação social, como a TSF ou o Expresso, e foi membro da direção socialista de Ferro Rodrigues.
A par da estrutura de missão vai funcionar, junto da Presidência da República, uma Comissão Nacional, presidida pelo antigo Presidente da República Ramalho Eanes, que terá a responsabilidade de “aprovar o programa oficial das comemorações e os relatórios de atividades”.
Comentários