Através da sua conta no Telegram, a Novaya Gazeta informou que o Supremo Tribunal russo aceitou uma denúncia da agência reguladora de comunicação da Rússia, a Roskomnadzor. O site permite o acesso gratuito aos arquivos e às investigações publicadas pela Novaya Gazeta.

O jornal anunciou que vai recorrer contra a decisão. Se for confirmada, a Novaya Gazeta não informou se a medida implicará o encerramento do site ou uma proibição de publicar novos conteúdos no portal.

O editor-chefe do jornal, Dmitri Muratov, foi um dos vencedores do Prémio Nobel da Paz em 2021.

Na audiência perante o Supremo, Muratov denunciou "o assassinato" de seu jornal, de acordo com a Novaya Gazeta. Segundo o jornalista, esta medida privará os leitores russos do seu "direito à informação". A decisão foi anunciada após três denúncias anunciadas em julho pela Roskomnadzor, todas atendidas pela justiça russa.

No início de setembro, um tribunal de Moscovo revogou a licença para a versão impressa do jornal e depois a licença para uma nova revista lançada na Rússia pela Novaya Gazeta.

O jornal não é publicado efetivamente desde o final de março, quando a direção decidiu suspender a publicação por medo de represálias, perante um momento de forte repressão aos que criticam a ofensiva russa na Ucrânia. Nas últimas semanas, no entanto, o site tinha retomado a publicação de novos conteúdos.

A Novaya Gazeta afirmou que o Supremo Tribunal revogou a licença do site por não especificar que algumas organizações citadas eram "agentes do exterior".

Na Rússia, dezenas de organizações e indivíduos foram declarados "agentes estrangeiros", e esse estatuto deve ser mencionado sistematicamente em todas as publicações, sob pena de sanções.

A pressão contra a imprensa independente já estava a aumentar na Rússia, mas a ofensiva do Kremlin na Ucrânia acelerou-a drasticamente. Dezenas de sites foram bloqueados e muitos jornalistas fugiram do país.

Em 5 de setembro, o ex-jornalista Ivan Safronov, de 32 anos e considerado um especialista em questões de defesa, foi condenado a 22 de anos de prisão por "traição", um caso que, segundo o mesmo, é uma vingança pelo seu trabalho.