O Rodong Sinmun, órgão de comunicação controlado pelo estado da Coreia do Norte, denunciou a existência de forças especiais dos EUA no Japão em preparação de exercícios aéreos sobre as Filipinas com o objetivo de simular uma “infiltração em Pyongyang”.

O jornal mencionou também o transporte de Boinas Verdes e membros da Força Delta pelo submarino nuclear USS Michigan da ilha de Okinawa, no Japão, para a base naval de Jinhae, na Coreia do Sul. Estas acusações têm como origem uma transmissão de rádio intercetada na Coreia do Sul.

Citado pela Reuters, o jornal considera que “tais atos provam que os EUA estão a preparar um plano criminoso para desencadear uma guerra contra a RPDC [República Popular Democrática da Coreia]”, apontando para as “atitudes dúplices dos EUA, que estão ocupados a preparar exercícios secretos que envolvem unidades especiais enquanto mantêm o diálogo com um sorriso na cara”.

O Rodong Sinmun ameaça Washington no caso de alguma manobra militar se concretizar com um “castigo divino impiedoso no caso dos EUA falharem primeiro na desnuclearização injusta e belicosa da RPDC”.

Um porta-voz da embaixada dos EUA em Seoul adiantou à Reuters não ter informação quanto ao exercício alegado no jornal, ao passo que o representante do exército norte-americano na Coreia do Sul não prestou declarações.

O editorial pede a Washington para parar com a “aposta militar inútil” e implementar o acordo de Singapura, firmado em junho, no qual o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, prometeram trabalhar para desnuclearizar por completo a Península Coreana.

Desde então as negociações para a desnuclearização da Coreia do Norte têm estado bloqueadas.

De um lado, Mike Pompeo tem pressionado os líderes coreanos a dar início ao processo de desmantelamento do seu arsenal nuclear. Do outro, Pyongyang recusa-se a fazê-lo enquanto Washington não avançar com concessões ou com uma declaração de paz que dê garantias de segurança, algo que os EUA não farão enquanto a desnuclearização não tiver avanços mais sólidos.

Donald Trump utilizou a sua conta oficial no Twitter na passada sexta-feira, 24 de agosto, para justificar o cancelamento da ida de Mike Pompeo à Coreia do Norte. Segundo o presidente dos EUA, a decisão foi tomada porque o executivo americano considera que "não se fez ainda progressos suficientes em relação à desnuclearização da Península Coreana".

As relações entre os dois estados voltaram a piorar quando Washington pediu à Coreia do Norte para revelar as suas instalações nucleares secretas e esta respondeu que não existiam.

Para apaziguar os temores de uma invasão norte-americana, Trump cancelou ou adiou exercícios militares com a Coreia do Sul, mas manteve ações de menor escala. O Presidente dos Estados Unidos atribui o atraso nas negociações em parte à China, deixando a ideia de que a desnuclearização só terá avanços significativos depois de Washington e Pequim darem tréguas à sua guerra comercial. A China Já respondeu a estas declarações, considerando-as "irresponsáveis".

Trump disse também no Twitter que o “Secretário Pompeo está disposto a ir à Coreia do Norte num futuro próximo, provavelmente depois da nossa relação Comercial com a China ficar resolvida. No entanto gostava de mandar as minhas mais calorosas saudações e respeito ao Presidente Kim. Espero vê-lo em breve!”