António Costa falava aos jornalistas em São Bento, Lisboa, depois de ter estado reunido mais de uma hora com o coordenador da Comissão Técnica Independente, o ex-reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro.
"Pela parte do Governo, por respeito pela Assembleia da República, por respeito pelos profissionais que elaboraram este relatório, mas, sobretudo, por respeito pelas vítimas e seus familiares, o que nos compete é fazer uma reflexão serena sobre a informação disponível e as recomendações apresentadas. As responsabilidades são aquelas que resultam do relatório e assumi-las-emos totalmente", frisou.
Mais tarde, interrogado sobre eventuais responsabilidades políticas decorrentes do relatório, António Costa, que tinha ao seu lado os ministros da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e da Agricultura, Capoulas Santos, respondeu: "Se for caso disso, sim".
Nas suas palavras iniciais, o líder do executivo começou por elogiar "a maturidade" da democracia portuguesa que, na sequência da tragédia de Pedrógão Grande que ocorreu em junho (distrito de Leiria), no parlamento se tivesse encontrado um consenso político que conduziu à designação de uma Comissão Técnica Independente.
"Temos hoje o conhecimento com base na qualificação técnica e científica sobre o que aconteceu em Pedrógão Grande e Góis e sobre as causas estruturais para a reforma que é necessário fazer na floresta, nos mecanismos e prevenção e combate aos incêndios. Os membros da comissão fizeram um trabalho muito exigente, num espaço de tempo muito apertado, tendo trabalhado com grande rigor científico, mobilizando redes internacionais de conhecimento e que, ao longo destes meses, exerceram as suas funções com discrição", afirmou.
Em relação às recomendações constantes no relatório, que foi hoje entregue ao presidente da Assembleia da República, António Costa referiu a marcação de um Conselho de Ministros extraordinário no próximo dia 21.
"As recomendações serão analisadas, mas, à partida, são o nosso programa para completar a reforma da floresta e para as reformas de prevenção e combate aos incêndios florestais. As decisões do Governo, naturalmente, não antecipam, nem limitam o debate que se fará na Assembleia da República", advertiu, deixando aqui uma nota política.
Neste ponto, o primeiro-ministro manifestou a sua vontade de que o relatório da Comissão Técnica Independente possa constituir a base "de um consenso político e social alargado, permitindo ao país tomar as medidas necessárias para prevenir e evitar a repetição de novas tragédias como as que ocorreram este verão".
Questionado sobre medidas concretas que o Governo vai tomar, António Costa disse que o seu executivo irá fazer uma "reflexão serena" sobre o teor do relatório, tirando depois as ilações que entender tirar.
O fogo que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho só foi extinto uma semana depois, tal como o incêndio que teve início em Góis. Os dois fogos, que consumiram perto de 50 mil hectares em conjunto, mobilizaram mais de mil operacionais no combate às chamas.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, tendo alastrado a vários municípios vizinhos, causou pelo menos 64 mortos e cerca de 200 feridos.
[Artigo atualizado às 17:28]
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