“Se há representações dos portugueses na Assembleia [da República], no nosso caso, 270 mil pessoas escolheram atribuir-nos a sua confiança, é essa confiança que temos de honrar dizendo: não aceitamos que haja estes arranjinhos do Bloco Central. Parece que o país é governado entre quatro paredes a quatro olhos entre António Costa e Luís Montenegro como se mandassem no país”, declarou João Cotrim Figueiredo, em Viana do Castelo.

Na sexta-feira, António Costa e Luís Montenegro estiveram reunidos mais de três horas e meia, durante as quais abordaram vários temas, nomeadamente a questão do novo aeroporto.

“Nós somos adeptos do diálogo e gostamos muito de falar com toda a gente. Agora, há uma coisa que não aceitamos: parece que a Constituição passou a prever um quarto poder, que é o poder do Bloco Central que se reúne uma vez por mês — porque parece que ficaram combinadas outras reuniões — para decidir o futuro do país e depois vai ao Parlamento só para levar um carimbo, com todos os outros partidos a dizerem sim com a cabeça. Connosco não contam para isso”, vincou o líder da IL.

Para João Cotrim Figueiredo, “48 anos de Bloco Central trouxeram Portugal” até à situação atual.

“Quem achar que Portugal está muito bem, que continue. Nós não achamos, e achamos que é altura de acabar com este bipartidarismo que não serve a ninguém e, como disse, trouxe Portugal até aqui, e, do nosso ponto de vista, não trouxe a um sítio muito bom”, salientou o líder da IL.

João Cotrim Figueiredo deslocou-se este fim de semana ao Alto Minho no âmbito das Rotas Liberais, eventos políticos promovidos pelos núcleos territoriais do partido.

Na manhã de hoje, o líder da IL visitou o Instituto de Soldadura e Qualidade, em Monção, e manteve um encontro com o presidente deste município, António Barbosa, assim como com produtores de vinho verde.

Da parte da tarde, participou num debate sobre habitação.

Em declarações aos jornalistas, na sexta-feira, nos jardins de São Bento, no final da reunião com Luís Montenegro, António Costa caracterizou o encontro como “uma conversa bastante agradável”, sublinhando que, quanto à futura solução aeroportuária para a região de Lisboa, haverá “dentro em breve” uma nova conversa entre ambos.

“Foi uma conversa bastante agradável, a primeira de várias”, sintetizou, dizendo que foi passada “uma vista geral” sobre as perspetivas do país e as prioridades em matéria europeia, de defesa ou política externa.

Por outro lado, o primeiro-ministro transmitiu que foram estabelecidas na reunião “metodologias de trabalho” e “novos pontos de contacto” sobretudo em áreas de soberania, onde “é fundamental o contacto regular”, como a política externa e de defesa.

“E, naturalmente, referir temas que estão para decisão, como seja a questão do aeroporto, sobre a qual voltaremos a falar dentro em breve”, afirmou.

“Mas foi, sobretudo, uma possibilidade, de forma serena, termos uma vista geral sobre a situação do país, as perspetivas do país, as questões que se colocam à União Europeia e em sede internacional. Foi uma conversa bastante agradável e será certamente a primeira de várias conversas”, resumiu António Costa.