• Nos últimos sete dias a taxa de incidência foi de 64,6 novos casos por 100 mil habitantes e nos últimos 14 o valor foi de 115,5. Já o risco de transmissão (Rt) tem sido, nos últimos dias, superior a 1.
  • "Estes indicadores inspiram-nos naturais preocupações do ponto de vista da pressão sobre o sistema de saúde e sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS)", frisou a ministra da Saúde, Marta Temido.
  • De uma média de 2500 testes por dia em março o país passou para 19.600 testes diários em outubro. E no dia 7 deste mês bateu-se o recorde de testes à covid-19 realizados num só dia em Portugal: 28.392. Deste universo, quase 8% foram positivos — um "sinal de alerta", de acordo com a governante, embora diga que "alguns caso [positivos] possivelmente [serão] repetições de teste".
  • A ministra deu também conta do investimento que tem sido feito na capacidade da medicina intensiva. “Passámos de 1.142 ventiladores, no início de março, para mais 713 ventiladores distribuídos pelos hospitais do SNS, dos 966 já entregues no país”, precisou.

Apelo aos portugueses e profissionais de saúde

  • A ministra da Saúde recordou que Portugal suspendeu a prestação de cuidados programados na primeira fase da pandemia, mas que se tratou de uma medida extraordinária que não deve merece repetição. "Este é um equilíbrio para o qual precisamos de contar com todos, embora exija níveis de stress que são superiores àquilo que fosse uma simples opção pelo cancelamento de atividade não urgente", disse.
  • "Compreendo muito que os profissionais de saúde estejam cansados, compreendo que sejam muitas as tarefas, compreendo que a pressão sobre todos é elevada, mas este não é o momento de ninguém desistir e temos a certeza que podemos contar com o melhor de todos", rematou Marta Temido.
  • A ministra apelou também aos portugueses para que façam um esforço a nível individual. "Sem ele não vamos ter sucesso", disse.
  • A governante fez um balanço da atividade do Serviço Nacional de Saúde após terem sido suspensas as consultas programadas na primeira fase de covid-19, como aconteceu em outros países. “Portugal suspendeu a prestação de cuidados programados na primeira fase e o SNS tem vindo a recuperar atividade. Este é um equilíbrio para o qual precisamos de contar com todos, embora exija naturalmente níveis de stress que são superiores aquilo que fosse uma simples opção pelo cancelamento de atividade não urgente”, precisou.

  • Segundo a ministra, em agosto eram menos 920 mil as consultas médicas em cuidados de saúde primários, num volume total situado em 31 milhões de consultas no ano de 2019. Em maio, eram menos 1,4 milhões de consultas, em junho 1,1 milhões e em julho um milhão.

  • A ministra da Saúde, Marta Temido, clarificou também que a orientação do plano para o outono-inverno já recomenda o uso de máscara em espaços abertos perante a impossibilidade de manter o distanciamento físico de prevenção para a covid-19. “‘A legislação atualmente em vigor prevê o uso obrigatório para pessoas com mais de 10 anos de máscara em espaços públicos fechados, recomendando-se o seu uso em qualquer espaço aberto ou fechado, sempre que não esteja garantido o distanciamento físico mínimo de dois metros’. Portanto, esta já é, claramente, a orientação da Direção-Geral da Saúde que o ministério pugna por fazer cumprir”, citou a governante.

  • A explicação surgiu na sequência das declarações de hoje do Presidente da República, nas quais Marcelo Rebelo de Sousa deixou a sugestão da utilização de máscara em “circulação na via pública em pontos de maior cruzamento de pessoas”, acrescentando até já ter adotado “há meses” este comportamento.

Surtos 

  • Portugal tem neste momento 381 surtos ativos de covid-19 e a maioria regista-se nas regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, indicou hoje a ministra da Saúde. “Muitos dos casos confirmados até ao momento e ainda ativos estão associados a surtos. Havia 381 surtos no país de acordo com a Direção-Geral da Saúde”, afirmou Marta Temido. Segundo a ministra, existem 138 surtos na região Norte, 49 no Centro, 154 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 19 no Alentejo e 21 no Algarve.
  • Já no que toca a escolas, foi mencionado que existem 28 surtos em Portugal, com 175 casos confirmados. "Estes números são em surto — o que não quer dizer que não existam outros casos, como diz a Fenprof, mas que são casos isolados numa escola que deram origem a uma cadeia de transmissão e que vão para isolamento por um período terminado pela autoridade da saúde", disse a ministra.
  • Uma das questões colocadas pelos jornalistas passou pelo facto de a Fenprof ter atualizado a lista com o número de estabelecimentos de educação e ensino públicos e privados com casos de Covid-19 para 122, denunciando os valores apresentados pela Direção-Geral da Saúde, que situava o número em 23. Sobre o assunto, Marta Temida respondeu que "é preciso definir surtos".
  • "Aquilo que conversámos mostra que estamos a falar de coisas diferentes. Uma coisa é um surto. A senhora Diretora-Geral da Saúde tem-nos ensinado repetidas vezes que consideramos surto a existência de dois ou mais casos com ligação epidemiológica. Estamos a falar de coisas diferentes. Não podemos confundir os números dizendo que alguém deu os números errados quando nos referimos a conceitos diferentes e até a datas diferentes", salientou a governante.
  • "Tenho aqui dito muitas vezes que há muitos mais casos isolados do que surtos. [...] Quero acrescentar ao que já disse a ministra da Saúde que caso se trate de casos isolados ou de surtos, as medidas de investigação epidemiológica são as mesmas. Há sempre uma intervenção das autoridades da saúde no sentido de identificar os contactos de maior risco. E, obviamente, a partir de um caso pode haver outras pessoas que tenham que fazer isolamento profilático. Mas isso é diferente. Uma coisa são casos isolados que existem outra coisa são os surtos", frisou Graça Freitas.
  • Graça Freitas aproveitou também para vincar que a campanha de vacinação da gripe está a correr “melhor” do que o programado, uma vez que as “vacinas estão a ser distribuídas antecipadamente”, facilitando a logística para a sua administração em lares de idosos e outras estruturas. A diretora-geral da Saúde observou que “para a semana” já existirão zonas do país com todos os utentes de lares vacinados.

Acompanhamento de partos

  • Graça Freitas frisou esta sexta-feira que foi emitida uma atualização para que fique de forma "inequívoca" a recomendação de que esteja um acompanhante durante o parto.
  • "As unidades hospitalares devem assegurar as condições necessárias para garantir a presença de um acompanhante durante o parto", salientou.
  • Todavia, será obrigatório que o acompanhante além de não ter sintomas, de que não tenha estado em contacto com ninguém infetado nos últimos 14 dias.

Festejos tem sido responsáveis por 67% dos casos reportados

  • "A senhora ministra há pouco fez um apelo para que todas as pessoas nos ajudem para que o número de casos não continue a aumentar. E o facto é que nós verificamos é que estamos confraternizações familiares, estes festejos, a propósito de um baptizado, uma boda, tem sido responsáveis sido responsáveis por 67% dos casos reportados em Portugal", referiu a Diretora-Geral da Saúde.
  • "Quando as autoridades de Saúde fazem a investigação epidemiológica encontram de facto esse tive de convívio. Deixo aqui um grande apelo às pessoas, às famílias, que se coíbam nesta fase em que há transmissão crescente do vírus na comunidade de terem esses encontros festivos que obviamente levam à descontração e a descontração leva a múltiplos contactos e leva a contactos de proximidade. Muitas vezes isto é acompanhado de refeições, de ingestão de alimentos e bebidas e as máscaras serão retiradas nestas alturas o que aumenta o risco", concluiu Graça Freitas.
  • Por outro lado, a responsável da Direção-Geral da Saúde visou os festejos de jovens neste período de regresso das aulas nas universidades para realçar o efeito negativo que podem ter sobre a comunidade e as estruturas sanitárias. “Não estamos em 2019. Gostaríamos de estar, mas estas pessoas originam surtos grandes com muitas pessoas, que geram uma enorme carga de trabalho sobre os serviços de saúde. As pessoas jovens têm casos menos graves, mas não têm zero doença. E mesmo que um jovem não tenha doença grave, é vetor de transmissão de doença para outros grupos”, notou, acrescentando que o “comportamento” é a única medida possível, face à ausência de vacina ou medicamento para a covid-19.

Números de Camas

  • Além da ministra da Saúde e de Graça Freitas, diretora-Geral da Saúde, esteve presente na conferência Luís Pisco, presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo, para falar sobre os números concretos de camas em hospitais disponíveis para tratamento de doentes com covid-19. Neste âmbito, salientou que dos 16 hospitais da região, 13 podem receber este tipo de doentes. No total, nestes hospitais, existem 7083 camas, das quais 6630 estão a ser utilizadas "de maneira versátil para situações Covid ou não-Covid".
  • O responsável pela ARSLVT explicou que será necessária uma boa gestão porque há um conjunto de camas que não pode ser utilizado para outros fins, como camas de obstetrícia ou de queimados. Ou seja, das 6630 camas 503 estão alocadas de forma exclusiva para doentes Covid-19; a estas somam-se 88 que são para doentes em espera à espera de diagnóstico. Feitas as contas, são 591 camas no total.
    • Atualmente existem 388 doentes internados, pelo que, na opinião de Luís Pisco, "estamos distantes de esgotar as camas que temos para doentes Covid". Em unidades de cuidados intensivos existem 298 camas disponíveis na região de Lisboa e Vale do Tejo, 200 para situações não-Covid e 98 para doentes Covid. Das 98, estão agora ocupadas 74, pelo que ainda existe "margem de progressão".

Linha SNS24

  •  Marta Temido deu conta de algumas das áreas de resposta que têm sido reforçadas para ajudar no combate à pandemia, sendo a Linha SNS24 um desses serviços. “Passamos de 67% de chamadas atendidas no dia 2 de março e quase 26 minutos de espera para quase 98% de chamadas atendidas ontem [8 de outubro] e tempos médios de espera que estão nos 57 segundos, num nível de pressão que está perto das 18 mil chamadas”, frisou.

  • Marta Temido referiu também que foram instaladas linhas de atendimento específicas para surdos por videochamada e uma linha de aconselhamento psicológico, bem como a aplicação Trace COVID, um “instrumento fundamental” para o combate à propagação de vírus. “Sabemos muito bem que temos muita coisa para continuar a melhorar. O atendimento telefónico e as zonas de espera nos cuidados de saúde primário têm sido áreas muitas vezes referidas e em que esperamos obter progressos, concretamente no atendimento telefónico durante os próximos dois meses”, avançou.

  • A ministra sustentou que se trata “de intervenções complexas e de problemas antigos” no Serviço Nacional de Saúde, que “se agravaram no contexto da pandemia e de uma pressão crescente pelos contactos telefónicos”. Segundo Marta Temido, este problema para ser totalmente ultrapassado envolve “não só meios humanos, mas remodelação de centrais telefónicas”. A ministra garantiu que este trabalho está a ser realizado.