Francisco Ramos, coordenador do plano de vacinação da covid-19 em Portugal, apresentou hoje um balanço do primeiro mês da execução do plano.
O país já recebeu 367 mil doses da vacinas da Pfizer, 8.400 da Moderna.
57.500 profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) já receberam a vacinação completa, tendo 16 mil a primeira dose. Já os profissionais do privado e misericórdias com a primeira dose são 2.370, mas nenhum tem ainda a segunda dose, necessária para completar o plano.
12 mil pessoas em hemodiálise, do grupo de maiores de 50 anos com as chamadas comorbilidades já iniciaram esta semana também a toma; e quatro mil profissionais de saúde do INEM, do Hospital das Forças Armadas, do Instituto Ricardo Jorge, do Instituto Português do Sangue, Centro Clínico da GNR e hospitais prisionais iniciaram também a toma.
Nos lares e cuidados continuados, que Francisco Ramos salienta como sendo "a prioridade", a par dos profissionais de saúde, para um total de quase 200 mil pessoas a vacinar, 164 mil já tiveram pela menos a primeira dose.
Cerca de 30 mil não foram ainda vacinadas devido aos surtos em 205 entidades, 191 em lares e 14 unidades de cuidados de cuidados continuados.
No universo de pessoas que já tomaram a vacina, houve 1.332 notificações de reações adversas.
"A vacinação está a decorrer conforme previsto", disse Francisco Ramos, que falava em Lisboa durante a apresentação da atualização do plano de vacinação.
Amanhã deverá ser aprovada a vacina da AstraZeneca/Oxford, que tem estado envolvida polémica. Portugal deverá receber mais de 6 milhões de doses desta vacina, com a possibilidade de adquirir mais.
Até ao final de março 810 mil pessoas devem ter já a vacinação completa em Portugal e 520 mil a primeira das duas doses.
Até então, o país deverá receber 2.214.000 vacinas, já contando com a chegada da vacina da AstraZeneca.
As primeiras vacinas foram administradas em Portugal a 27 de dezembro. A primeira dose foi dada no Hospital de São João, no Porto.
Novos prioritários
Com o agravamento da pandemia, passam a estar incluídas as pessoas com mais de 80 anos de idade, independentemente da existência de doenças que agravem o risco da covid-19.
Todas as pessoas com mais de 80 anos de idade vão ser incluídas na primeira fase do plano de vacinação contra a covid-19, anunciou hoje o coordenador do plano, Francisco Ramos.
Francisco Ramos considerou que esta é "provavelmente a mais importante" alteração ao plano de vacinação do país, uma decisão justificada pelo aumento da incidência da doença.
"Aquilo que fica integrado no plano é manter o grupo dos 50 aos 79 anos com as comorbilidades, mas incluir também nesta fase 1 todas as pessoas com mais de 80 anos, independentemente de qualquer comorbilidade ou patologia que tenham", adiantou Francisco Ramos, que falava em Lisboa durante a apresentação da atualização do plano de vacinação.
De acordo com a revisão, está prevista a vacinação ainda no decurso da primeira fase – que se estende até abril - de 670 mil pessoas com 80 ou mais anos. A ‘taskforce’ responsável pelo processo estima que até ao final de março existam já 170 mil pessoas dentro deste grupo com a vacinação completa e outras 170 mil apenas com a primeira toma da vacina.
“Foi possível perceber neste tempo de pandemia que era importante incluir o grupo dos idosos com mais de 80 anos, em função dos níveis de evolução da pandemia e do nível de severidade atingido nesta altura”, reiterou Francisco Ramos.
Paralelamente, o coordenador explicou a alteração introduzida no plano de vacinação com o reforço das metas definidas pela Comissão Europeia na última semana, que apontou à vacinação de pelo menos 80% das pessoas com mais de 80 anos e os profissionais de saúde contra a covid-19.
“Aquilo que temos garantido são 2.214.000 doses a receber até final de março. Para atingir este objetivo vamos precisar de 1.642.000 doses para vacinar por completo 800 mil pessoas e 520 mil para iniciar a vacinação. É possível atingir este objetivo com as doses que temos contratadas com a Pfizer, a Moderna e na expectativa de que a vacina da AstraZeneca seja aprovada”, notou, assumindo que a aprovação possa ocorrer esta sexta-feira pela Agência Europeia do Medicamento (EMA).
Já sobre eventuais casos de pessoas com 80 ou mais anos que estejam acamadas em casa, Francisco Ramos assegurou que “haverá equipas de vacinação ao domicílio”, mas salientou que se trata de “um esforço suplementar e que a nível local terão de ser encontradas essas soluções”.
A vacinação contra a covid-19 dos órgãos de soberania deve estender-se a aproximadamente 1.000 pessoas, segundo a atualização do plano de vacinação hoje apresentada pelo coordenador da ‘taskforce’, Francisco Ramos.
“Aquilo que está previsto, e tendo sido determinado que a execução do despacho do primeiro-ministro compete à ‘taskforce’, é que nas próximas semanas as vacinas que há para administrar a esse grupo serão suficientes para 1.000 pessoas. O que será trabalhado nos próximos dias é perceber as prioridades indicadas por cada órgão”.
Em causa está a vacinação dos titulares de órgãos de soberania, altos cargos com funções no quadro do Estado de Emergência, responsáveis da proteção civil, Procuradoria-Geral da República e Ministério Público.
Questionado sobre os casos de ministros que estão infetados com o vírus SARS-CoV-2 ou já estiveram nos últimos meses, o coordenador da ‘taskforce’ observou que a orientação é a mesma para o resto dos cidadãos, ou seja, “quem já teve a doença e já recuperou da doença não será vacinado nesta fase”.
Pontos de vacinação em cada concelho
Até março deverão ter sido vacinados cerca de 100 mil profissionais de saúde (90 mil já com as duas tomas), 50 mil do setor privado e social (30 mil com vacinação completa), 41 mil profissionais prioritários, como forças armadas e bombeiros (21 mil com as duas tomas) e 200 mil utentes e profissionais com vacinação completa dos estabelecimentos residenciais para idosos (ERPI) e da rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI).
Segundo o plano, 600 mil pessoas com idade entre 50 e 79 anos e uma das comorbilidades identificadas como de risco na covid-19 já terão iniciado a vacinação até março, mas apenas 300 mil já com as duas tomas da vacina.
Nesse sentido, o plano de vacinação deve contar a partir da próxima semana com pelo menos um ponto de vacinação em cada agrupamento de centro de saúde (ACES) e o objetivo, segundo Francisco Ramos, é ter até ao início de março um ponto de vacinação por concelho.
Inspeção-Geral das Atividades em Saúde vai fiscalizar vacinação
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde vai controlar a partir de agora o processo de vacinação contra a covid-19 através de auditorias, revelou hoje o coordenador da ‘taskforce’ para o plano de vacinação.
Numa apresentação de uma atualização ao plano de vacinação, Francisco Ramos lamentou o “desvio de critérios” que terá levado à administração de vacinas a pessoas não incluídas nos grupos prioritários para esta primeira fase, mas desvalorizou a ausência de uma entidade a supervisionar o processo desde o seu arranque.
“Este é um plano que é uma gigantesca operação e começou há um mês, não começou há um ano. Suponho que são casos esporádicos, mas são perturbadores, por isso, começa este processo de auditoria”, resumiu
Questionado sobre a possibilidade de definição de sanções para eventuais incumprimentos, Francisco Ramos defendeu que “não compete à taskforce” abordar essa situação.
Em relação ao alargamento da capacidade de administrar vacinas contra a covid-19 a outras entidades, como farmácias ou profissionais do setor privado, o coordenador da ‘taskforce’ sublinhou que a disponibilidade de vacinas é um problema mais premente nesta primeira fase do que a quantidade de pontos de vacinação existentes.
“O nosso principal obstáculo é a escassez de vacinas e até isso ser ultrapassado é prematuro estar a falar do alargamento da rede de centros de vacinação”, observou, tendo Francisco Ramos clarificado que Portugal tem já contratualizado um total de 29 milhões de vacinas para o combate à pandemia.
Quanto a reações adversas à vacina, foram notificados 1.332 casos, com Francisco Ramos a considerar que “não houve até hoje nenhuma notificação de reações que não estivesse prevista” na vacina e que o valor de 0,65 reações adversas por 100 vacinados “está em linha com os dados provisórios que são conhecidos do resto da Europa”.
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