“O anúncio que nós não ouvimos e que nos preocupa é o do reforço das equipas de saúde pública, porque o plano de vacinação levou muita gente das equipas de rastreio de contactos para apoiar o plano de vacinação”, afirmou, em declarações aos jornalistas à margem da entrega da lista da candidatura pelo Porto encabeçada por Sérgio Aires.
Catarina Martins salientou que muitos dos profissionais dos cuidados primários de saúde pública “não estão a ser capazes de fazer o seu trabalho normal de acompanhamento de doença não covid e de prevenção de doença por terem sido requisitados para o programa de vacinação”.
“Continuamos a achar que falta esta medida fundamental que é a contratação de gente para as equipas de saúde pública, porque, neste momento, uma parte dos infetados não é contactada nas primeiras 24 horas e isso é um perigo porque não permite pôr as pessoas em isolamento atempadamente e, portanto, conter os contágios”, observou, acrescentando que “falta esse anúncio permanente nas medidas do Governo”.
Questionada sobre o plano de desconfinamento a três fases anunciado na quinta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu ainda que mais importante que ter restrições, “é ter medidas que possam promover o ar livre, e a não existência de concentrações”.
“Julgo que é sempre bom ouvir a opinião técnica e nós estamos numa fase de transição. Se é certo que estamos numa quarta vaga pandémica, é também certo que o plano de vacinação covid-19 está a avançar, e, portanto, não tem sentido que as medidas para esta vaga sejam iguais às medidas de vagas anteriores”, observou.
Por outro lado, questionada sobre as medidas de apoio aos setores afetados pela crise pandémica, nomeadamente o setor dos bares e discotecas, Catarina Martins lembrou que Portugal foi o país que menos gastou com os apoios à economia, decisão que empurrou empresas e famílias para o recurso às moratórias.
“É por isso que temos dito que é preciso um plano para alargar as moratórias, mas é preciso também um plano de reestruturação destas dívidas e de apoio a estas empresas e estas famílias, porque se isso não for feito vamos ter um problema grave de insolvências e de perda de habitação própria de algumas famílias”, concluiu.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou, na quinta-feira, três fases no processo “de libertação da sociedade e da economia” das restrições impostas por causa da pandemia, que se estendem entre 01 de agosto e outubro.
As três fases estão associadas à percentagem de população que as autoridades estimam ter a vacinação completa contra a covid-19 em 01 de agosto (57%), 05 de setembro (71%) e outubro (85%).
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou, na quinta-feira, que as restrições diferenciadas por concelho, a redução de horários para comércio, restaurantes e espetáculos e o recolher obrigatório em todo o país terminam a 01 de agosto, medidas que integram a primeira de três fases no plano de desconfinamento apresentado pelo Governo.
Mantém-se, contudo, a exigência de certificado digital de vacinação ou teste negativo à covid-19 para, entre outros, viagens, estabelecimentos turísticos e de restauração, estes últimos desde que no interior, e ao fim de semana e feriados.
Nesta fase inicial, mantêm-se ainda encerradas as discotecas, assim como continuam proibidas as “festas, romarias e outras festividades”. Os bares, esclareceu o Governo, podem abrir a partir de domingo, mas sujeitos às regras aplicadas aos restaurantes no âmbito da pandemia da covid-19.
Entre outras medidas, na segunda fase, que deverá arrancar no início do mês de setembro, a utilização de máscara na via pública deixará de ser obrigatória, exceto em situações de ajuntamentos e na última fase, em outubro, será autorizada a abertura de discotecas e que deixa de haver limites máximos de lotação.
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