Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do projeto, Felipe Ávila da Costa, explicou hoje que o Tech4COVID19 (tech4covid19.org) começou com 50/60 fundadores há oito dias, tendo atualmente 3.500 pessoas envolvidas em 27 projetos e em mais de 20 ideias em fase de aperfeiçoamento.
“Há projetos de vários tipos. Desde 'Rooms Against Covid' [Quartos Contra o Covid, em tradução livre], que tem como objetivo angariar quartos quer de hotéis, quer de alojamento local, e disponibilizá-los para os profissionais de saúde [...] para não correrem o risco de infetar a família”, realçou.
De acordo com o também cofundador da Founders Founders (comunidade que une fundadores de todo o mundo), o projeto começou no fim de semana e já conta com cerca de 1.040 quartos angariados e cerca de 400 profissionais de saúde que estão a requisitar quarto, sendo que já há 105 pessoas a beneficiar do alojamento.
“A ALEP – Associação do Alojamento Local em Portugal está a envolver-se no projeto e está a assumir cada vez mais a liderança do mesmo”, adiantou Felipe Ávila da Costa.
Também a desenvolver a aplicações digitais, o porta-voz do Tech4COVID19 enumerou algumas que já se encontram concretizadas e outras ainda em fase de desenvolvimento.
“Temos uma [aplicação] inspirada noutra que teve bastante sucesso na China que é para evitar a propagação [da Covid-19] e uma que permite saber quando uma pessoa não deve sair de casa, mas precisa de mandar alguma coisa para os seus familiares, o projeto ‘WeMoveIt’”, explicou.
Felipe Ávila da Costa acrescentou que já foi criado um sítio (www.knokcare.com) de videochamadas na Internet de médicos de várias áreas que estão disponíveis paras pessoas que precisam de fazer consultas, mas que não podem sair de casa.
Segundo o porta-voz do grupo, o sítio de videochamadas tem 210 médicos voluntários que fazem consultas gratuitamente através da plataforma.
Em contacto constante com o Governo, a Direção-Geral da Saúde (DGS) e as administrações regionais de saúde (ARS), Felipe Ávila da Costa contou que tem havido um esforço de todos intervenientes, através da tecnologia, para serem mais efetivos no combate à pandemia.
No entanto, o Tech4COVID19 já angariou mais de 60 mil euros para adquirir material sanitário para distribuir pelos hospitais e pelas ARS “o mais rapidamente possível”.
“Desde o início do projeto, surgiu a ideia de angariarmos fundos para ajudar a adquirir material”, contou, indicando que há seis equipas a trabalhar com a DGS e as ARS “para conseguir resolver este grande problema”, sendo que uma está “a fazer ‘procurement’ [abastecimento] na China, inclusive pessoas locais, que estão a ajudar a identificar fornecedores de materiais”.
Para Felipe Ávila da Costa, o Tech4COVID19 é “uma lufada de esperança”, considerando que é “incrível como uma coisa que começou há uma semana e já tem cerca de 3.500 pessoas” a trabalhar.
“Os projetos têm cerca de 150 engenheiros de 'software' a trabalhar em conjunto. Há projetos que estão a ser feitos numa semana”, afirmou, reforçando que “num contexto normal demorariam dois a três meses” a estarem concluídos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas.
O país está em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
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