"Tem-nos causado certa preocupação a CoronaVac, a segunda dose (…) cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem e, agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o [Instituto] Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose", disse Queiroga durante uma audiência pública no Senado.

A CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, é aplicada no país desde janeiro numa parceira que envolve o Instituto Butantan, organismo dependente do governo regional de São Paulo.

No mês passado, o próprio Governo divulgou uma nota a autorizar estados e municípios a usarem todas as vacinas armazenadas para garantir a segunda dose imediatamente como primeira dose. alegando que haveria vacinas suficientes no país.

Num comunicado emitido em 21 de março, o Ministério da Saúde brasileiro informava que "autorizou o uso da totalidade de vacinas armazenadas pelos estados para a segunda aplicação para utilização imediata, ampliando assim o número de vacinados no Brasil.”

A decisão foi tomada pelo ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que terá tido em conta a previsão de entregas semanais do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção local da vacina da AstraZeneca.

Na altura da decisão, o Governo brasileiro alegou que a medida já estava a ser estudada e foi tomada após garantia da segurança das entregas por parte dos fornecedores.

Um mês depois dessa orientação, o novo ministro da Saúde disse que será emitida uma nova nota técnica pedindo às cidades e estados que guardem a segunda dose para evitar problemas na vacinação.

Cidades dos estados de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo, Amapá e Paraíba já estavam a limitar ou suspenderam a imunização com a CoronaVac por falta de doses para a segunda aplicação.

Queiroga também afirmou que o Governo brasileiro não reduziu as suas metas iniciais de entrega de vacinas, apenas retirou do cronograma vacinas que ainda não foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Entendemos que o calendário deveria ter como base o que já está aprovado pela instância regulatória. Havia 20 milhões de unidades da Covaxin [vacina indiana sem autorização de uso no país] e retirámos. Se ela for autorizada, colocaremos de novo”, justificou Queiroga.

O Brasil, um dos mais afetados pela crise sanitária, acumula um total de 390.787 vítimas mortais e 14.340.787 casos de covid-19.