Em plena pandemia, milhares de pessoas estão na linha da frente a lutar contra o novo coronavírus. O pessoal médico está diariamente em contacto com pessoas infetadas pelo SARS-CoV-2, responsável pela doença Covid-19. E, por isso, muitos profissionais da saúde não querem arriscar o contágio de ou às suas famílias, preferindo não regressar a casa após um dia de trabalho. Para além disso, esta é também uma forma de encurtar as deslocações e tempos de pausa.
No Porto, os empresários de hotelaria — hotéis e alojamento local — estão a disponibilizar espaço nas suas unidades para estes profissionais. Segundo as contas da câmara municipal do Porto, que reclama para si a coordenação do apoio, "estão já à disposição dos hospitais da cidade mais de 180 quartos". E, diz o comunicado hoje divulgado, "muitos mais poderão ser usados."
A autarquia liderada por Rui Moreira explica que os empresários disponibilizaram os quartos "de forma espontânea" e "coordenados com a autarquia".
O município "faz a coordenação e articula a disponibilidade com as administrações hospitalares, com que tem estado a trabalhar de perto e permanentemente em áreas como o fornecimento de material de proteção pessoal e na importação da China de instrumentos médicos, como ventiladores", pode ler-se.
A câmara destaca ainda que "não têm sido apenas os empresários do setor do turismo a mostrar disponibilidade e um elevado sentido cívico neste momento de emergência. Também as grandes empresas da cidade têm feito chegar à presidência da Câmara disponibilidade financeiras e logística para ajudar a combater a doença, numa demonstração de solidariedade sem precedentes", escreve o gabinete de comunicação da Invicta.
Entretanto, o Hotel Moov Porto Norte anunciou que vai disponibilizar dois pisos do edifício para os profissionais de saúde que necessitem de alojamento nas próximas semanas. Numa nota de imprensa, a cadeia diz que são no total trinta quartos gratuitos, “que incluem todas as comodidades, incluindo parque de estacionamento privado, para permitir o descanso de médicos, enfermeiros e técnicos de saúde”.
O hotel garante a segurança de todos, através do plano de contingência. Estarão 11 funcionários com “fatos especiais, luvas e máscaras” e a cumprir um “plano de desinfeção de quartos e áreas comuns”. Estes funcionários, que. Se voluntariaram, ficam a dormir no hotel.
André Ferreira, administrador da Endutex Hotéis, entidade gestora da marca Moov, explica que “após uma natural quebra das reservas” foi tomada a decisão de “cancelar todas as outras que ainda tínhamos previstas para libertar o edifício e colocá-lo à disposição dos profissionais de saúde que neste momento travam uma incansável batalha contra o novo coronavírus”.
O Porto tem sido pioneiro na luta contra a disseminação do vírus responsável pela Covid-19. Rui Moreira anunciou medidas musculadas para o controlo da quantidade de pessoas nas ruas da cidade, a par de parcerias com cidades chinesas para a importação de ventiladores.
Na manhã desta segunda-feira foi também anunciada a criação de um posto de rastreio, no Queimódromo, onde as pessoas assinaladas pelas autoridades de saúde podem fazer o teste para perceber se estão infetadas sem sequer sair do carro.
Rui Moreira tem liderado várias iniciativas no Porto para combater a Covid-19. Este sábado, o autarca pediu ao primeiro-ministro, António Costa, que decretasse o “estado de emergência nacional” para dar mais poder às autoridades na adoção de medidas para travar a pandemia.
No domingo à noite, António Costa lembrou o estado de emergência só pode ser espoletado pelo presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa convocou já o conselho de Estado para a próxima quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
O autarca tem também desenvolvido esforços para importar ventiladores da China.
Em Portugal, 331 pessoas foram infetadas até hoje, mas sem registo de mortes, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS). Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 18 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais quatro do que no domingo.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O Governo também anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.
*Com Lusa
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