Ainda que sem a confirmação total de como será a modalidade de ensino e avaliação em todas as faculdades, a Universidade do Porto avançou hoje que continuarão a ser “privilegiadas as aulas à distância”.
No caso da avaliação, “haverá a possibilidade de instituir métodos de avaliação distribuída sem realização de exames finais”.
“Nos casos em que seja necessária a realização de exame final, poderá ser indispensável recorrer a provas feitas presencialmente, de forma a garantir a segurança da avaliação que os sistemas ‘online’ não afiançam”, afirmou o gabinete de comunicação da U.Porto, adiantando que as medidas de segurança vão integrar o plano para o levantamento progressivo das medidas de contenção atuais.
Em declarações à Lusa, o reitor da Universidade do Porto disse ser alargado o “consenso” entre as 14 unidades orgânicas da instituição quanto às modalidades de ensino e avaliação, mas que o “retomar da atividade tem de ser sempre algo com conta, peso e medida”.
António de Sousa Pereira adiantou que as faculdades de Economia, Direito e Letras “não vão retomar atividades presenciais”, o que era “expectável”, uma vez que o ensino à distância “funciona relativamente bem”.
“Estas escolas irão tentar, na medida do possível, fazer um sistema de avaliação que privilegie a avaliação contínua. Se tal não for possível, vão fazer avaliação presencial e vamos estudar as situações para arranjar condições para os estudantes fazerem avaliações presenciais com toda a segurança”, afirmou o reitor, adiantando que as soluções passam por “desdobrar” os exames e fazê-los em pavilhões desportivos.
Quanto às faculdades de Belas Artes, Ciências, Medicina e Medicina Dentária, o reitor afirmou que era impossível “fazerem a avaliação sem ensino presencial”.
“Na área das ciências, há muitas unidades curriculares que são 100% laboratoriais e em que não podemos atestar que um estudante sabe pipetar, se ele nunca pegou numa pipeta, assim como não podemos dar um diploma a um dentista se ele nunca brocou um dente. Não é passível de ter ensino à distância, assim como não podemos ter um curso de pintura ou escultura à distância”, salientou.
Nestas situações, António de Sousa Pereira garantiu que as atividades “absolutamente essenciais” estão a ser programadas para decorrerem com “um número muito reduzido de alunos” comparativamente ao habitual.
“Vamos desdobrar as turmas de forma a termos um número reduzido de alunos”, assegurou.
Nesse sentido, a Universidade do Porto vai tomar medidas, tais como aconselhar os professores com mais de 65 anos a não frequentarem as instalações, bem como os docentes, pessoal não docente e estudantes que têm, comprovadamente, doenças crónicas.
À Lusa, António de Sousa Pereira salientou ainda que a reação dos estudantes, associações de estudantes e Federação Académica do Porto (FAP) tem sido “fantástica”.
“Eles não querem facilitismo porque têm todos a noção de que os estudantes que saem da Universidade do Porto são muito competitivos no mercado e têm receio que o sistema de avaliação lhes diminua o prestígio ou que, de alguma maneira, crie injustiças e eles sejam prejudicados”, concluiu.
Portugal contabiliza 854 mortos associados à covid-19 em 22.797 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
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