Em termos práticos, a situação significa que estão proibidas quaisquer atividades económicas que não sejam consideradas de primeira necessidade - o que excetua supermercados, farmácias, fabricantes alimentares como padarias, postos de abastecimento de combustível e bancos - e que fica também inibida a circulação de pessoas na via pública - a não ser por motivos de necessidade essencial, como abastecimento alimentar ou socorro a familiares.
O vereador do PS na Câmara de Ovar, Artur Duarte, fez hoje uma publicação na rede social Facebook, alertando que, ao início da tarde, se encontravam a laborar no concelho "algumas unidades industriais", o que "contradiz a alínea b) do nº. 2 do Despacho do Primeiro-Ministro e do Ministro da Administração Interna" publicado esta terça-feira - pronunciando o estado de "calamidade pública" do município e impondo a sua quarentena geográfica.
O vereador socialista admite que o documento que sustenta a decisão do Governo "não é claro" quanto às exceções, mas, precisamente por isso, apela a que "seja clarificada pelas entidades competentes a interpretação sobre se é ou não de encerrar a atividade industrial no concelho, com a exceção das empresas que possam ser essenciais para o comércio alimentar, farmacêutico ou de equipamentos de segurança".
Após denúncias de que a firma de soluções de comunicação visual Bi-silque estaria a operar, a Lusa contactou a unidade e uma empregada começou por dizer que "a empresa está a funcionar, mas um bocado limitada", após o que foi solicitado um esclarecimento da administração e um segurança informou que nenhum responsável estava disponível.
A Lusa também contactou a Stow, que fornece sistemas de estantes e prateleiras para armazéns, e, questionada sobre se era possível uma deslocação à empresa, a colaboradora em funções no local respondeu que seria escusado: "Está tudo em teletrabalho em casa. Só eu é que estou aqui".
De Espinho chegou a informação de que também a Nanta de Ovar, a fabricante de rações para animais antes designada Progado, estará a laborar normalmente. Contactada a empresa, a administração não esteve disponível, mas a telefonista comentou que "os animais não podem ficar sem comer".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, foi detetado em dezembro e já infetou mais de 200.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram.
O surto começou na China e espalhou-se já por 170 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a situação como de pandemia.
Depois da China, que contabiliza 80.894 infetados dos quais 69.601 recuperaram e 3.237 morreram, os países mais afetados são: a Itália, com 2.503 mortes em 31.506 casos; o Irão, com 1.135 vítimas mortais em 17.350 doentes; a Espanha, com 558 em 13.716; e a França, com 175 em 7.730.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira. No entanto, este número baseia-se na confirmação de três casos positivos nos Açores, mas a Autoridade de Saúde Regional, contactada pela Lusa, sublinhou serem dois os casos positivos na região e adiantou estar em contactos para se corrigir a informação avançada pela DGS, baixando assim para 641.
Dos casos confirmados, 553 estão a convalescer em casa e 89 estão internados, 20 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos.
Há ainda registo de 5.067 casos suspeitos até quarta-feira, dos quais 351 aguardam resultado laboratorial. Há ainda 6.852 contactos sob vigilância.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, tendo o Governo colocado os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Hoje foi também decretado o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que se encontra sob quarentena geográfica, com controlo de entradas e saídas no território.
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