Em declarações aos jornalistas no parlamento, a vice-presidente do PSD Isabel Meirelles realçou que, no plano hoje apresentado de Fundo de Recuperação da União Europeia (UE) para minimizar os efeitos económicos e sociais provocados pela pandemia de covid-19, do "bolo de 750 mil milhões, há 500 mil milhões de euros que são subvenções" e o restante são empréstimos "com maturidades longas e juros interessantes".

"Este plano ultrapassa velhos fantasmas, designadamente de mutualização da dívida, embora o que é uma boa notícia no princípio pode não o ser no fim", alertou a deputada e coordenadora do PSD da Comissão de Assuntos Europeus.

Isabel Meirelles salientou que este plano terá de ser aprovado "por unanimidade" no Conselho Europeu - sabendo-se que existem "quatro Estados membros reticentes" - e, numa fase posterior, em alguns países terá de ser aprovado nos respetivos parlamentos nacionais.

"Não é líquido que isto seja passível de ser conseguido", sublinhou.

Quanto à verba prevista para Portugal - 26,3 mil milhões de euros, dos quais 15,5 mil milhões de euros em subvenções distribuídas a fundo perdido -, a vice-presidente do PSD apelou a que, se se concretizar, seja "muito bem investido".

"Este Governo ou aquele que venha a traçar este plano de investimento vai ter de olhar para o futuro e, sobretudo, para o passado para que não se cometam os mesmos erros de desperdício enorme de fundos comunitários, nomeadamente em projetos não reprodutivos", referiu.

A dirigente social-democrata defendeu que a prioridade terá de ser no investimento nas empresas, "sobretudo nas Pequenas e Médias Empresas", na criação de empregos, num plano de reindustrialização e em áreas como o digital ou a economia verde.

Isabel Meirelles alertou que, em paralelo com este fundo, "correm as negociações do quadro financeiro plurianual", onde os resultados "não são tão bons".

Os países mais afetados pela pandemia de covid-19, Itália e Espanha, poderão receber, respetivamente, 172,7 mil milhões de euros (81,8 mil milhões de euros em subsídios e 90,9 mil milhões em empréstimos) e 140,4 mil milhões de euros (77,3 mil milhões de euros em subsídios e 63,1 mil milhões em empréstimos).

Os subsídios a fundo perdido serão canalizados através de quatro canais, três dos quais novos: o REACT EU (nova iniciativa de apoio à coesão), a Ferramenta de Recuperação e Resiliência, o novo Fundo para uma Transição Justa e através do Desenvolvimento Rural.

O primeiro-ministro, António Costa, já saudou a "ambiciosa" proposta da Comissão Europeia de fundo de recuperação económica, considerando que "está à altura do desafio" que a Europa enfrenta face à covid-19.

"Esta proposta abre a porta ao reencontro do projeto europeu com os europeus. Cabe agora ao Conselho não frustrar esta esperança", advertiu António Costa, numa publicação no Twitter, num recado dirigido a países que se têm oposto a estes avanços, como a Holanda, a Áustria, a Dinamarca e Suécia.