Portugal regista hoje 973 mortos associados à covid-19 e 24.505 infetados. O número de recuperações subiu de 1389 para 1470.
Em conferência de imprensa, António Lacerda Sales referiu que a taxa de letalidade global é de 4% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 14,1%.
Em tratamento domiciliário estão 86% dos casos e em internamento estão 4% (0,7% em Unidade de Cuidados Intensivos e 3,3% em enfermaria).
"Portugal está em estado de emergência e continuará, depois do levantamento deste estado, a ter de lidar com esta emergência da saúde pública. A pandemia continua, continuará a fazer parte das nossas vidas. Somos todos agentes de saúde pública e, doravante, somos ainda mais chamados a cumprir esta missão que nos compete a todos: olhar por nós e pelos outros. Também está em cada um de nós a responsabilidade de salvar vidas", frisou o secretário de estado da Saúde.
"Continuamos a ter uma responsabilidade acrescida em não sobrecarregar o SNS, para que ele continue, como até agora, a conseguir dar resposta às exigências impostas pela covid-19, mas também, paulatinamente, continuando a responder às outras doenças para além da covid-19".
Lacerda Sales referiu que o SNS24 continua a ser "a porta de entrada" dos doentes no SNS e serve "não só para doentes com covid-19 mas para outros que podem ter dúvidas se devem ou não recorrer às unidades de saúde". Neste momento, registam-se cerca de 7 mil chamadas atendidas por dia, com um tempo médio de espera de menos de meio minuto.
Questionado pelo SAPO24 sobre a capacidade máxima de resposta do SNS, à data de hoje, ao nível da capacidade de internamento, o secretário de estado respondeu que existe "um parque global de cerca de 21.500 camas para [internamentos] agudos, sendo que cerca de 11 mil são de especialidades médicas e 9 mil são de especialidades cirúrgicas".
Sobre o estudo que refere 4 mil camas disponíveis, Lacerda Sales diz que este tipo de documentos são "muito importantes" e que permitem o alerta e a preparação para uma segunda vaga. Contudo, salienta, de momento estão cerca de mil pessoas internadas, "o que confere algum conforto em termos de decisões e gestão" da capacitação do SNS.
Os cuidados que não se podem deixar de lado
Graça Freitas, Diretora-geral da Saúde, deixou, em primeiro lugar, um apelo aos pais e aos cuidadores. "Não deixem de vacinar as crianças. Nós estamos numa epidemia e se baixarmos a vacinação podemos ter outras epidemias. Veja se o seu filho tem o boletim de vacinação em dia e leve-o ao centro de saúde, de preferência marcando para evitar ajuntamento de pessoas, mas não deixe de vacinar. É seguro vacinar, é seguro ir ao centro de saúde e é a única forma de proteger contra doenças graves e contra outras epidemias. Vacine-se e vacine os seus".
António Lacerda Sales, questionado pelos jornalistas, referiu que há a consciência "de que não podemos descurar uma segunda vaga", garantindo que o SNS está a ser capacitado para essa eventualidade, "através de modelos organizacionais, calendários de atendimento, reprogramação de cirurgias e de consultas".
Graça Freiras reforçou a declaração, dizendo que todas as medidas tomadas durante o estado de emergência levaram a que "não só a onda fosse aplanada como que tivesse uma tendência descendente".
"Vamos ter de monitorizar muito bem o efeito do desconfinamento e do levantar de algumas medidas, que vai levar ao maior contacto entre as pessoas. Vamos ter de monitorizar bem a evolução da epidemia, coisa que já fazemos. Também já observamos semana a semana", garantiu.
No que diz respeito ao regresso das atividades desportivas, o secretário de estado da Saúde referiu que não pode adiantar as medidas, que serão divulgadas pelo primeiro-ministro na próxima quinta-feira. Contudo, salienta "uma atitude ponderada" para que seja retomada a normalidade.
Sobre o aparecimento de casos de crianças com doença inflamatória grave, não havendo ainda provas que a associem ao novo coronavírus, Graça Freitas garantiu que os pediatras e os médicos em geral acompanham a situação mas não há, até à data, registo de casos em Portugal.
Associações de pediatria do Reino Unido, da Itália e de Espanha pediram aos médicos para estarem atentos a crianças que apresentem uma condição inflamatória rara porque a doença pode estar ligada ao novo coronavírus, que provoca a doença covid-19.
O primeiro alerta para esta situação partiu, no início da semana, da Associação de Pediatras de Cuidados Intensivos do Reino Unido, mas foi, entretanto, secundada pela Associação Espanhola de Pediatria e pela Sociedade Italiana de Pediatras.
Segundo as autoridades do Reino Unido, “nas últimas três semanas houve um aumento aparente, em Londres e também em outras regiões do Reino Unido, do número de crianças de todas as idades com um estado inflamatório multissistémico que requer cuidados intensivos”.
Os hospitais ingleses relataram alguns casos que apresentavam características da Síndrome do Choque Tóxico ou da Doença de Kawasaki, um distúrbio raro dos vasos sanguíneos.
Destes casos, apenas algumas crianças tiveram resultado positivo para covid-19, portanto, os cientistas não têm certeza se esses sintomas raros são causados pelo novo coronavírus ou por outra coisa.
Os sintomas da Kawasaki incluem febre alta que dura cinco dias ou mais, erupções cutâneas e glândulas inchadas no pescoço.
"Todas as mortes estão a ser contabilizadas"
Sobre a questão da mortalidade, a Diretora-geral da Saúde referiu que "em Portugal não é possível ninguém ser enterrado ou cremado sem um certificado de óbito". Os certificados são passados pelos médicos, de forma eletrónica, e entram numa plataforma, pelo que é possível "saber o número de mortos ao minuto". Independentemente do local de ocorrência do óbito, este é registado.
"Em anos normais, cerca de um terço das pessoas morre fora do hospital, sendo que as outras pessoas morrem em ambiente hospitalar. Em relação à morte por covid em Portugal, ainda vamos um bocadinho mais longe; ainda registamos a morte por covid mesmo não sendo a fase terminal. Não estamos a deixar escapar ninguém cujo médico tenha escrito a palavra covid no certificado de óbito ou que tenha um resultado analítico positivo".
Assim, são contabilizadas as pessoas que morrem no hospital, no domicílio e nos lares. Neste momento, a nível nacional, 93% das mortes por covid ocorreram em ambiente hospitalar, 4% em lares e 3% em domicílio. "Todos as mortes estão a ser contabilizadas", garantiu Graça Freitas.
A violência doméstica em tempos de pandemia
Referindo que uma das preocupações do Governo são os mais vulneráveis da sociedade, Lacerda Sales adiantou, sobre a questão da violência doméstica, que desde o início de março foi posto em marcha "um plano de contingência, de prevenção e combate", no contexto da covid-19. Além da campanha divulgada, "as redes de casas abrigo e de acolhimento têm estado em funcionamento, respeitando as regras de isolamento e distanciamento social". De 6 a 27 de abril, estas casas já acolheram 50 vítimas, tendo sido acrescentadas duas novas casas à lista.
Além disso, foi criada uma linha gratuita — 3060 — que não permite a identificação do contacto pelo agressor, e que "presta informações, apoia e encaminha as vítimas", referenciando ainda as forças de segurança em caso de perigo extremo para a vítima, de forma a analisar a situação. A linha está no ativo desde março e já recebeu 123 pedidos de apoio. Além deste número, continua disponível a linha de apoio às vítimas de violência doméstica — 800 202 148 — e o email — violencia.covid@sig.gov.pt. No total, desde 19 de março, estas três formas de contacto receberam 308 pedidos.
"Em Portugal, ao contrário de outros países europeus, não se regista um aumento de participações por violência doméstica. Aliás, as forças de segurança (PSP e GNR) registaram um decréscimo das participações em 39% face ao mesmo período do ano passado, o que nos compromete ainda mais na urgência de dar outras respostas", garantiu.
Daniela Machado, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida, referiu que este é um tema considerado pela OMS como um "problema de saúde pública" e uma "questão de direitos humanos", que se agudiza nesta fase de pandemia e isolamento das famílias. "É um problema que é transversal a toda a sociedade, que faz adoecer física e psicologicamente".
Salientando que "a saúde também pode ser uma porta de entrada para quem precisa de ajuda nesta área" da violência doméstica, Daniela Machado frisou que o SNS tem vindo a apostar na formação das equipas para a deteção de casos.
"Temos em curso uma orientação acerca da abordagem das situações de violência", adiantou, de forma a que seja possível uma deteção precoce e o encaminhamento para a rede nacional de apoio às vítimas.
"A violência doméstica é um crime de natureza pública e todos nós temos o dever de apoiar e denunciar, nomeadamente junto das forças de segurança", salientou. "Também na prevenção da violência a saúde está on".
Sobre o acompanhamento de crianças e jovens em situação de risco, Daniela Machado garantiu que "os serviços não estão parados", estando a ser dado todo o apoio necessário aos casos identificados.
Novo coronavírus SARS-CoV-2
A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.
A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).
Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.
Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.
A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.
Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.
Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.
Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.
Comentários