“Eu não comento nada do que foi dito sobre o passado recente nem nada do que será dito sobre o futuro próximo. Em relação ao passado recente, passou, passou, fechou-se um ciclo da história portuguesa”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, num hotel em Bissau, onde esteve com o primeiro-ministro, a participar na celebração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.

Interrogado sobre a sua coabitação com o primeiro-ministro, António Costa, que se encaminha para o fim, respondeu: “Eu não vou pronunciar-me. Tenho decidido não pronunciar-me, por uma questão de isenção, estamos em período pré-pré-eleitoral”.

“Tudo o que eu disser — entrámos num novo ciclo — vai ser considerado, no novo ciclo, como sendo uma tomada de posição favorável a A, B ou C. E neste novo ciclo o que se pretende do Presidente da República é que seja imparcial perante aqueles que vão disputar eleições, partidos, candidatos à chefia do Governo, tudo isso”, justificou.

Marcelo Rebelo de Sousa recusou, por isso, comentar declarações recentes do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, sobre a situação política atual: “O pior que poderia fazer era, por aquilo que digo ou não digo, ser interveniente num debate de alguns meses, que é um debate que terá outros protagonistas, e só eles, partidos e candidatos a primeiro-ministro”.

Com o mesmo argumento, não quis revelar a sua opinião sobre se deve haver esclarecimentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a investigação judicial que levou o primeiro-ministro a apresentar a sua demissão: “Quando eu digo que não me pronuncio sobre nem aquilo que ocorreu nem aquilo que vai ocorrer ou que está a ocorrer neste momento, é precisamente isso mesmo. Eu acho que seria muito insensato estar a pronunciar-me sobre isso”.

Perante a insistência da comunicação social para que comentasse o papel do Ministério Público, o chefe de Estado referiu que essa “é uma questão que tem a ver com o que acabou de ser vivido, o que está a ser vivido e o que irá ser vivido no futuro próximo”, reiterando: “Portanto, não me vou pronunciar”.

Marcelo Rebelo de Sousa não quis também regressar ao tema do desmentido que fez a Mário Centeno, governador do Palácio de Belém, em Lisboa, negando qualquer convite ou autorização de contacto para que chefiasse um eventual Governo apoiado pela maioria absoluta do PS sem recurso a eleições: “Eu o que tinha a dizer disse e está dito e não tenciono pronunciar-me mais sobre essa matéria”.