O que é a Jornada Mundial da Juventude?

A JMJ é um encontro dos jovens de todo o mundo com o Papa. É, em simultâneo, “uma peregrinação, uma festa da juventude, uma expressão da Igreja universal e um momento forte de evangelização do mundo juvenil”, segundo a organização.

Acontece todos os anos a nível diocesano, até 2020 por altura do Domingo de Ramos e, a partir de 2021 no Domingo de Cristo Rei. A cada dois ou três anos ocorre como um encontro internacional, numa cidade escolhida pelo Papa, sempre com a sua presença.

Quando e onde se realiza a JMJ 2023?

A JMJ Lisboa 2023 realiza-se entre 1 e 6 de agosto. As principais iniciativas decorrem na capital, no Parque Eduardo VII, na zona de Belém e no Parque Tejo (a norte do Parque das Nações e em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures).

Além das principais cerimónias com o Papa Francisco, como a Via Sacra (4 de agosto), Vigília (5 de agosto), Missa final (6 de agosto), estão previstos dezenas de eventos como concertos, conferências, feira vocacional, reflexões, em múltiplos espaços.

Quantas pessoas estarão em Lisboa durante a Jornada? 

É difícil prever, mas a organização estima que estejam em Lisboa entre um milhão e 1,5 milhões de pessoas ao longo da semana da jornada e também na semana anterior, em que os jovens estarão nas várias dioceses do país.

Segundo a organização, a previsão é de um milhão de pessoas no Parque-Tejo nos dias 5 e 6 de agosto. Nos dias 1, 3 e 4 de agosto, no Parque Eduardo VII, prevê-se a presença de 300 mil a 750 mil peregrinos.

Pelos últimos números divulgados até ao início de julho, 313 mil peregrinos, de 151 países diferentes, tinham finalizado o seu processo de inscrição. No total, 663 mil peregrinos iniciaram o processo, tendo 480 mil prosseguido para a segunda fase da inscrição.

O SAPO24 pediu à organização da JMJ um balanço atualizado, mas este apenas será divulgado nos últimos dias do mês.

A semana passada, o coordenador do Governo para a Jornada Mundial da Juventude, José Sá Fernandes, disse que ainda se desconhece o número de peregrinos que vão estar em Lisboa na primeira semana de agosto.

“A imprevisibilidade do número de peregrinos continua a ser grande. Nós hoje ainda não sabemos quantos peregrinos é que vêm, faz parte do evento ser assim”, frisou.

José Sá Fernandes precisou que as inscrições acabaram a 30 de junho e estão inscritos 330 mil peregrinos com alojamento, mas reforçou que as previsões apontam para cerca de um milhão, número que pode “aumentar ou diminuir”.

“É dito pelos organizadores de outras jornadas que normalmente o número de visitantes é o dobro ou triplo daqueles que estão inscritos. O que quer dizer que se prevê cerca de um milhão de peregrinos, mas esse número ainda é imprevisível, como a própria localização do alojamento”, completou.

Sá Fernandes sublinhou também que a dificuldade deste evento é ter dados consistentes sobre o número de pessoas que vai participar, uma vez que “não há lotação”.

O que acontece nesta semana antes da JMJ?

Portugal acolhe mais de 67 mil peregrinos provenientes de mais de 120 países e dos cinco continentes na semana antes da JMJ, nos chamados "Dias nas Dioceses (DND)", o encontro de jovens de todo o mundo que decorre de 26 a 31 de julho.

Os DND envolvem 17 dioceses de Portugal continental e ilhas, nomeadamente: Algarve; Angra; Aveiro; Beja; Braga; Bragança-Miranda; Coimbra; Évora; Funchal; Guarda; Lamego; Leiria-Fátima; Portalegre-Castelo Branco; Porto; Viana do Castelo; Vila Real e Viseu.

De onde chegam mais peregrinos?

Da Europa, os peregrinos chegam de países com tradição na JMJ e que já receberam este grande encontro com o Papa, como Espanha, França, Itália, Polónia, a Alemanha, mas também da Estónia, Bélgica, Lituânia, Luxemburgo, Grécia, Reino Unido e da Escócia. De África destacam-se os Países Lusófonos, como Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, mas viajam também do Brasil e de Timor-Leste.

América, Ásia e Oceânia, são outros continentes de onde viajam jovens, que trazem a multiplicidade de línguas e culturas e também ritos cristãos, que vão estar representadas com países como Arábia Saudita, Bahrain, Cazaquistão, China, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Filipinas, Polinésia Francesa, Honduras, India, Iraque, Jamaica, Malásia, Mauritânia, Nepal, Panamá, República Dominicana, Rússia, Turquemenistão, Venezuela e Zimbabué.

Segundo a organização, apenas as Maldivas não terão representação nesta JMJ.

Quanto vai custar a Jornada?

Não há números globais nem oficiais, mas estima-se que, no total, a JMJ vá custar cerca de 160 milhões de euros.

O Governo avançou com o número de 36 milhões de euros e a Igreja admitiu que iria gastar cerca de 80 milhões – o número foi avançado pelo bispo auxiliar de Lisboa e coordenador da jornada, D. Américo Aguiar, em janeiro. Há ainda duas câmaras envolvidas: Lisboa, que vai avançar com cerca de 35 milhões, e Loures, com nove a 10 milhões de euros.

Qual o retorno para o país?

Muito se tem falado sobre o valor que a JMJ representa para o país. Nesse sentido, a PwC Portugal, com o apoio técnico do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), "desenvolveu um estudo para apurar o impacto da realização" deste evento na economia nacional.

"Os resultados do estudo, feito por uma entidade independente e entregue à Fundação JMJ Lisboa 2023, apontam para um impacto global estimado entre 411 e 564 milhões de euros, em termos de Valor Acrescentado Bruto (VAB), e entre 811 e 1 100 milhões de euros, em termos de Produção", foi referido.

Desta forma, "considerando os gastos de alojamento, alimentação, comércio, transportes e outras despesas dos participantes, assim como o investimento associado à organização do encontro, o estudo abrange os eventos da JMJ, entre os dias 1 e 6 de agosto, bem como os Dias nas Dioceses, que ocorrem na semana antes da Jornada, e as estadias adicionais para além dos dias do encontro expectáveis, no caso de uma parte dos participantes estrangeiros".

Foi ainda referido que "os impactos estimados partem de uma base conservadora, ou seja, com atribuição de valores no limite inferior expectável, quanto ao número de participantes, nível da despesa média diária por participante, prolongamento da estadia por parte dos peregrinos estrangeiros e investimento público associado à organização do encontro (montantes comunicados e/ou adjudicados pelos Municípios de Lisboa, Loures e Oeiras e pela Administração Central), o que prenuncia que o impacto real deverá ficar acima do valor apresentado".

Por sua vez, "o estudo de impacto económico não contabilizou efeitos tangíveis que deverão decorrer da aceleração dos projetos de regeneração urbana no Parque Tejo e na frente ribeirinha de Concelho de Loures, bem como de outras pequenas intervenções em recintos do encontro, que deverão gerar benefícios a vários níveis".

A organização acrescentou ainda que "também não foram contemplados efeitos intangíveis negativos de curto prazo comuns a qualquer evento de grande dimensão, como a sobrelotação dos serviços públicos e dos estabelecimentos e o congestionamento do tráfego em algumas zonas da cidade, nem outros que deverão produzir efeitos económicos positivos a prazo, como a promoção internacional de Portugal como destino turístico e a valorização da imagem do país".

Esta quarta-feira, Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, referiu que, se um milhão de jovens participar na JMJ, estiver na cidade sete ou oito dias e gastar 40 ou 50 euros por dia, resultará numa “quantia de 200 a 300 euros, no mínimo, que cada pessoa destas traz para Lisboa, multiplicado por um milhão, são 200, 300 ou 400 milhões” de euros.

“Estamos a falar aqui em centenas de milhões de euros [….]. Neste caso, podemos retirar o fator religioso, tirar aqui esse fator de que é um evento religioso, até porque eu penso que o Papa quer que seja um evento para todos os lisboetas, e, retirando esse fator, nós temos aqui um retorno que é muito maior do que qualquer outro evento teve alguma vez para a cidade”, reforçou o presidente da câmara.