Em conferência de imprensa em Genebra, o diretor-geral da organização, Tedros Ghebreyesus, afirmou que do orçamento da OMS, só 20 por cento é de uso flexível e que os restantes 80% são contribuições voluntárias dos membros que “só podem ser usados para programas específicos”.

“A OMS tem pouca capacidade de decisão sobre a maneira como utiliza os seus fundos”, referiu, afirmando que a criação da fundação, uma entidade legal separada da OMS visa “aumentar a percentagem de fundos de uso flexível” e parte de “uma clara necessidade de alargar a base de doadores”.

Questionado sobre se a criação da fundação tem a ver com a ameaça dos Estados Unidos, um dos maiores contribuidores, de cortar definitivamente o financiamento em retaliação pelo que o presidente norte-americano, Donald Trump, considera a subserviência em relação à China, Tedros Ghebreyesus afirmou que “não tem nada a ver com as recentes questões sobre financiamento”.

O responsável máximo da organização afirmou que a ideia de criar a fundação surgiu há cerca de dois anos, motivada pela questão da falta de flexibilidade dos fundos e pela necessidade de aumentar as fontes de financiamento.

O objetivo de receber dinheiro através da fundação continuará a ser a manutenção do “principal pilar” da atividade da OMS, de garantir acesso global à saúde.

A diferença é que agora, a organização poderá receber através da fundação doações diretas vindas de cidadãos ou empresas.

“A OMS precisava de um defensor forte, externo e independente” para alcançar os seus objetivos de promoção da saúde, argumentou.

O presidente da fundação, Thomas Zeltner, garantiu que apesar de não haver vínculo formal entre a OMS e a nova entidade, a OMS designará observadores no conselho de administração da fundação e que todos os contributos serão escrutinados para avaliar possíveis conflitos de interesses.

O objetivo de todos os donativos será, afirmou, ajudar a OMS a cumprir os seus programas de ação, definidos a cada cinco anos.

A fundação já está a aceitar donativos através do website e o foco de todo o dinheiro recolhido agora será apoiar a resposta global à pandemia da covid-19.