Os jornalistas de televisão da RTP, reunidos na segunda-feira à tarde em plenário para analisar o conflito entre a diretora de informação cessante, Maria Flor Pedroso, e a equipa da "Sexta às 9" coordenada por Sandra Felgueiras, lamentaram "a violação dos deveres deontológicos" pela diretora e a "falta de explicações por parte da diretora-adjunta Cândida Pinto" no caso ISCEM.

"Os membros eleitos do Conselho de Redação [CR] esclarecem que todas as decisões tomadas na reunião são da responsabilidade do plenário de jornalistas", refere o órgão, numa nota hoje divulgada.

No plenário estiveram presentes cerca de 120 jornalistas, tendo o comunicado sido "aprovado com 82 votos a favor, seis votos contra e cinco abstenções", referindo o CR que o universo da RTP-TV é de 271 jornalistas.

Entretanto, aguarda-se para os próximos dias a designação da nova equipa de direção de informação da televisão, depois do conflito que culminou com Maria Flor Pedroso a colocar o seu lugar à disposição, tendo o Conselho de Administração aceitado.

Em causa está um relato feito pela coordenadora do "Sexta às 9", em 11 de dezembro, numa reunião com o CR a propósito do programa sobre o lítio, em que adiantou que o programa estava a investigar suspeitas de corrupção no âmbito do processo de encerramento do Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), que passava pelo alegado recebimento indevido de "dinheiro vivo".

Nesse âmbito, Sandra Felgueiras acusou Maria Flor Pedroso de ter transmitido informação privilegiada à visada na reportagem, a diretora do ISCEM, Regina Moreira, o que a diretora de informação da RTP "rejeitou liminarmente", de acordo com as atas do CR e com a posição enviada à redação pela agora diretora de informação demissionária da RTP.

Os jornalistas da RTP-TV, reunidos no plenário de segunda-feira, decidiram "lamentar a violação dos deveres deontológicos dos jornalistas e de lealdade para com a redação da RTP-TV por parte da diretora de informação demissionária, Maria Flor Pedroso no decorrer da investigação do chamado 'caso ISCEM'", referem em comunicado.

Os jornalistas lamentaram "a falta de explicações por parte da diretora-adjunta Cândida Pinto – ausente deste plenário […] – a quem é imputada conivência com a diretora de informação no decorrer da investigação" do ISCEM, segundo a interpretação das atas do CR.

Rejeitaram "qualquer tentativa de ingerência externa nas decisões que competem exclusivamente aos jornalistas da RTP-TV" e reafirmam "a independência e a liberdade como pedras basilares do jornalismo” e manifestam “a unidade da redação" da televisão "no compromisso de prosseguir este caminho".

Antes do plenário, o Conselho de Administração da RTP tinha anunciado que Maria Flor Pedroso tinha posto o lugar à disposição por considerar não ter "condições para a prossecução de um trabalho sério", na sequência do conflito com a equipa do "Sexta às 9".

A administração liderada por Gonçalo Reis agradeceu à profissional, destacando tratar-se de uma "jornalista de idoneidade e currículo irrepreensível" e apontando "o trabalho desenvolvido de forma dedicada, competente e séria enquanto diretora de informação de televisão da RTP".