A derrota

A vitória democrata no Alabama, um dos estados mais conservadores dos Estados Unidos, configura um terramoto político na eleição mais disputada de 2017 nos Estados Unidos, e representa um revés amargo para o presidente norte-americano, Donald Trump, que deu todo o apoio a Roy Moore, apesar das pesadas acusações de abuso sexual que existem contra o candidato.

O triunfo de Jones reduz ao mínimo a maioria republicana no Senado, o que dificulta a aprovação das reformas de Trump, especialmente a adoção a curto prazo do programa de cortes fiscais que está a ser examinado pelo Congresso.

Doug Jones, ex-procurador, de 63 anos, tornou-se famoso depois de conseguir a condenação de membros do Ku Klux Klan que detonaram uma bomba numa igreja num bairro de maioria negra, um ataque em que morreram quatro crianças.

Esta terça-feira, Jones celebrou a vitória do "Estado de direito" e da "decência".

Trump, que se dedicou à campanha para tentar evitar a eleição do "terrível" Jones, felicitou no Twitter o democrata: “Parabéns ao Doug Jones por esta vitória duramente disputada”, escreveu o presidente.  “Os votos por correio foram um fator muito importante, mas uma vitória é uma vitória. As pessoas do Alabama são espetaculares, e os republicanos vão ter outra oportunidade para este assento dentro de muito pouco tempo. Nunca acaba”, acrescentou.

Donald Trump felicita democrata Doug Jones pela vitória eleitoral no Alabama
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O resultado coloca um democrata do Alabama no Senado dos Estados Unidos pela primeira vez em cinco anos. Com a vitória de Jones, os republicanos veem reduzida a estreita maioria na câmara alta norte-americana, que agora passa a ser de 51 em 100 lugares.

A conquista de Jones dá oxigénio à oposição a Trump. É o segundo mau resultado eleitoral para o presidente em um mês: em novembro os democratas venceram várias eleições para governadores e outros cargos locais.

"Se os democratas conseguem vencer no Alabama, podemos - e devemos - competir em todas as partes", afirmou a ex-candidata à presidência Hillary Clinton.

O alívio

Roy Moore foi acusado de abuso sexual por oito mulheres durante a campanha eleitoral. Trump manteve o seu apoio ao candidato na esperança de segurar a posição no Senado, o que aumentaria as suas chances de aprovar as reformas que tem em vista.

No entanto, para os republicanos, a derrota também é, paradoxalmente, um alívio, porque assim o partido não tem de lidar com o caso Moore - isto numa altura em que o próprio Presidente voltou a estar debaixo de fogo, após três mulheres que o acusam de assédio sexual exigirem ao Congresso que investigue estas alegações.

Casa Branca rejeita investigação contra Trump na sequência de acusações de assédio sexual
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O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, já havia alertado que em caso de vitória Moore seria alvo imediato de uma investigação da Comissão de Ética da Câmara Alta do Congresso, o que dividiria o partido, ainda mais se a comissão recomendasse a expulsão.

Com a notável exceção de Donald Trump, muitos congressistas republicanos cortaram relações com Moore após a divulgação dos depoimentos das mulheres, que surgem no âmbito da onda de acusações de assédio sexual e violação que visaram personalidades das mais diferentes esferas, do entretenimento à política.

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