Em comunicado, divulgado na sequência da derrocada que ocorreu no domingo no Algarve, sem causar vítimas, a associação ambientalista defendeu que as derrocadas também são causadas pela intervenção do homem, "devido à ocupação indevida da borda das arribas por construções e, como acontece na própria Praia Maria Luísa, por extensos arrelvados, regularmente regados".

Em declarações à agência Lusa, o diretor regional da APA, Sebastião Teixeira, reiterou que 78% das arribas caem devido à ação direta do mar e da chuva, 19% por atingirem o seu limite e em apenas 3% dos casos os desmoronamentos podem ser atribuídos à intervenção do homem, mais precisamente à água que está associada aos edifícios.

"Os desmoronamentos que estão associados à intervenção humana têm a ver com roturas de piscinas e de canalizações de abastecimento de água", explicou, acrescentando que a água é "um gatilho por excelência" para provocar desmoronamentos e o problema é que "não se vê" a água que se infiltra na arriba devido a estas roturas.

De acordo com o responsável, não são os edifícios em si que desencadeiam os desmoronamentos, já que as construções no topo de arribas são equivalentes "a mais uma camada de rocha na arriba" e, caso se pudesse estabelecer uma relação direta entre as construções e as derrocadas, "as arribas mais altas caíam mais".

A associação Almargem responsabilizou ainda a Agência Portuguesa do Ambiente por uma derrocada noturna verificada em 2015 na mesma praia, que, defende, terá sido "uma consequência direta de uma inexplicável intervenção da APA, com construção de passadiços e de um miradouro em cima da arriba instável".

Segundo Sebastião Teixeira, atribuir um desmoronamento a uma guarda de madeira, cuja função é evitar que as pessoas passem para além da delimitação, é "um absurdo", que pode ser comparável a dizer que "as pessoas andarem na crista das arribas provoca desmoronamentos".

A associação Almargem sugere ainda que as zonas de risco nas praias sejam delimitadas "através da demarcação efetiva no próprio areal, com auxílio de estacas de madeira e corda, pelo menos nas áreas acima do nível máximo da maré cheia", o que garantiria que a maioria das pessoas se mantivesse em zonas mais seguras.

Segundo o diretor regional da APA, essa solução é "impraticável", pois o nível máximo da maré cheia muda de 12 em 12 horas, sendo influenciado ainda por fatores como a amplitude da maré e as condições de agitação marítima.

A derrocada de domingo ocorreu cerca das 13:00 no lado poente da praia Maria Luísa, no concelho de Albufeira, exatamente no extremo oposto ao local onde, a 21 de agosto de 2009, um desmoronamento provocou a morte a cinco pessoas.

A arriba que desmoronou, que deveria ter aproximadamente 12 metros de altura, não estava identificada como sendo de risco.

Os banhistas devem manter uma distância de segurança relativamente às arribas que é 1,5 vezes a altura da falésia.

ver também:

Derrocada na praia Maria Luísa foi "três a quatro vezes" superior à de 2009