O Índice de Desempenho nas Alterações Climáticas, da responsabilidade de uma rede de organizações não governamentais ambientais, coloca a Dinamarca como o país mais bem cotado, mas nenhuma nação recebeu o estatuto de desempenho “muito alto”, que significa estar a fazer o suficiente para limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima da era pré-industrial até ao fim do século XXI.
As associações ambientalistas Zero, Quercus e ANP/WWF Portugal, que contribuíram para a elaboração do perfil de Portugal no índice, que sobe um lugar em relação ao ano passado e continua a ter um desempenho “alto”.
Os parâmetros avaliados são o nível de emissões de gases com efeito de estufa, com um peso de 40%, energias renováveis, consumo de energia e políticas climáticas, que contam 20% cada uma para a avaliação final.
“As emissões per capita (excluindo florestas e uso do solo), assim como o uso de energia per capita, ainda estão a aumentar, enquanto a parcela de energia renovável no uso de energia tem vindo a aumentar menos, o que levou a classificações baixas nos respetivos indicadores de tendência (2014-2019)”, afirmam as três organizações num comunicado conjunto.
Na avaliação a Portugal defendem que o país precisa de “prazos concretos para eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis”, previsto para 2030 na Lei de Bases de Política Climática aprovada na semana passada na Assembleia da República e a antecipação da data para o país atingir a neutralidade carbónica, que a lei também postula que possa ser atingida antes de 2050.
Consideram ainda que Portugal deve estabelecer metas de descarbonização nos setores dos transportes e da agricultura, pedindo mais investimento no transporte público.
Dinamarca, Suécia, Noruega e Reino Unido ocupam os lugares cimeiros no índice com desempenho “alto”, enquanto Canadá, Irão, Arábia Saudita e Cazaquistão estão nas últimas posições de uma lista de 60 países mais a União Europeia avaliada em bloco, que aparece em 22.º lugar com um desempenho “médio”.
Onze países dos 20 com as maiores economias – que são responsáveis por 75% das emissões poluentes mundiais – têm um desempenho “baixo” ou “muito baixo” de acordo com o índice.
Estados Unidos, Austrália e Rússia têm um desempenho global “muito baixo” e a China, África do Sul e Espanha têm uma classificação de “baixo”.
No parâmetro das emissões, o Reino Unido surge no topo e o Irão em último lugar, enquanto em energias renováveis a Noruega está em primeiro lugar e o Irão também tem o pior desempenho.
Na avaliação ao uso energético, a Ucrânia é a mais bem cotada e o Canadá o pior. Quanto às políticas climáticas, o índice é encabeçado pelo Luxemburgo e a Austrália surge no último lugar.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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