"O país está mais pronto agora e precisa de iniciar a reativação faseada da sua vida económica, da sua vida social. Esse sucesso continua a depender, essencialmente, de nós. Sendo hoje o Dia do Trabalhador merece uma especial referência ao esforço de todos aqueles que garantiram o funcionamento do país nesta fase, particularmente difícil e dura, desde logo os profissionais de saúde. Compete-nos a todos preparar as condições sanitárias para os que vão regressar ao local de trabalho com as maiores condições de segurança possíveis. E uma vez mais: apelar ao dever cívico de recolhimento e o apelo ao cumprimento das regras que para cada área vão sendo definidas, divulgadas e aplicadas", começou por dizer a ministra da Saúde na habitual conferência de imprensa diária da Direção-Geral da Saúde.

Indicando que se tem verificado “muito bons exemplos”, o Governo pretende continuar a apostar no “reforço dos serviços de saúde preventiva ocupacional ao nível de empresas, ao nível de escolas, de tudo aquilo que são os serviços de uma sociedade que, aos poucos, gradualmente, de uma forma muito acompanhada, retoma o seu normal funcionamento”.

“Relativamente ao incumprimento de recomendações da Direção-Geral da Saúde, mantêm-se com o contexto próprio de desobediência a uma autoridade. É importante perceber que já havia este recurso específico antes de existir um estado de emergência ou de calamidade. As autoridades de saúde tem um poder de autoridade que tem de ser respeitado”, frisou Marta Temido na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica do país.

Marta Temido disse ainda que "não se espera que na segunda-feira os portugueses saiam à rua como se não estivéssemos debaixo de uma crise epidémica", reforçando assim a necessidade de se cumprir as indicações das forças de segurança, numa alusão a algum relaxamento das medidas de restrição à circulação que acontece a partir de segunda-feira.

Marta Temido observou que o Conselho de Ministros optou por determinar o recolhimento domiciliário como um “dever cívico”, em vez de um dever geral, como acontecia durante o estado de emergência.

Para a governante, tal significa que “o apelo do Conselho de Ministros é que as pessoas continuem a abster-se de circular, permanecendo no domicílio exceto para as pequenas deslocações já antes autorizadas”.

Risco de transmissibilidade do vírus foi de 0,92% nos últimos cinco dias

"Nos últimos cinco dias, da análise realizada entre 23 e 27 de abril, o número médio de casos secundários resultantes de um caso infetado, medido em função do tempo, o conhecido Rt, foi de 0,92%, com uma variação muito ligeira entre regiões", afirmou Marta Temido, na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da covid-19.

Exatamente com a taxa de contágio de 0,92% estão as região Norte e Lisboa e Vale do Tejo, adiantou a ministra da Saúde, referindo que "um pouco abaixo" desse valor está a região Centro.

Lembrando que no domingo se assinalam “dois meses depois da confirmação do primeiro caso de covid-19 registado em Portugal”, Marta Temido avançou com os factos que são conhecidos até hoje, nomeadamente de que se trata de “uma doença muito contagiosa, que a transmissão acontece sobretudo em determinados grupos, até geográficos”.

Segundo os dados da situação em Portugal, os doentes com sintomas ligeiros representam 86% dos infetados, “que, por isso, podem ser tratados em casa”, e há uma percentagem de doentes internados em hospital relativamente reduzida, “menos de 5% de uma forma geral e, ainda, menos de 1% de internados em unidade de cuidados intensivos”.

“Os casos graves e os óbitos têm-se concentrado sobretudo em pessoas com mais de 75 anos e com doença crónica”, indicou a ministra da Saúde.

Através deste cenário, registado nos últimos dois meses, e do que foi aprendido sobre a forma como a doença se tem manifestado, o Governo preparou o plano de desconfinamento, adiantou Marta Temido, ressalvando que “não haverá, num curto prazo, vacina ou tratamento disponível” para a covid-19.

"Temos assistido a diminuição do número de óbitos"

“Todos os dias, felizmente, temos assistido a uma diminuição do número de óbitos. Hoje, por exemplo, tivemos 18 óbitos. É esta proporção entre o numerador [número de mortos] e o denominador [número de infetados] que dá o aumento da taxa [de letalidade]”, explicou Graça Freitas na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica em Portugal.

De acordo com a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS), os níveis de letalidade de Portugal ”estão de acordo com as letalidades gerais de outros países”, sendo “normal” que o valor aumente “à medida que o tempo vai passando.

“A letalidade é a uma proporção entre as que pessoas que adoecem e as que morrem. No inicio temos muitos casos [de infeção]. Só passado um determinado período é que ocorre o óbito. À medida que o tempo vai passando, o numerador vai aumentando em relação ao denominador”, observou Graça Freitas.

Ministra diz que governo espera "garantir o abastecimento constante de equipamentos de proteção individual”

“A nossa expetativa é conseguirmos garantir o abastecimento constante de equipamentos de proteção individual”, disse Marta Temido na conferência de imprensa diária sobre a pandemia.

De acordo com a ministra, “algumas grandes superfícies têm já máscaras comunitárias disponíveis” e algumas farmácias “têm, na porta, indicação de terem máscaras e gel”.

“Relativamente à disponibilidade no mercado, de equipamentos de proteção [para a comunidade], temos feito todos os esforços, quer através da importação, quer da produção nacional”, observou.

Os transportes públicos terão de circular, a partir de segunda-feira, com a lotação máxima de dois terços da sua capacidade e os utentes terão de obrigatoriamente de usar máscara, estando sujeitos a coimas se não o fizerem, determinou o Governo.

O primeiro-ministro disse que quinta-feira que vai ser obrigatório o uso de máscaras comunitárias em espaços onde exista maior concentração de pessoas, caso dos transportes públicos, dos estabelecimentos comerciais e das escolas.

Continuação do combate à pandemia assegurado por “reserva estratégica” de meios

“Continuamos a ter, em constante preparação, a nossa reserva estratégica, não só de equipamentos de proteção individual, mas também de infraestruturas, de recursos humanos, de meios adequados a responder adequadamente a um eventual crescimento do surto epidémico”, afirmou Marta Temido, na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da covid-19.

Relativamente ao crescimento da pandemia em Portugal, “neste momento, parece continuar a ter números que ainda estão acima daqueles que desejaríamos, mas que estão muito mais controlados do que estavam, por exemplo, há 15 dias”, indicou a ministra da Saúde.

“Neste cenário, a política de saúde, sobretudo em termos de controlo da epidemia, tem e terá que continuar a ter dois objetivos essenciais: reduzir, obviamente, a mortalidade e a gravidade da covid-19 e, por outro lado, controlar a transmissão da covid-19, a um nível considerado aceitável, ou seja, com o tal risco de transmissão relativamente contido”, declarou Marta Temido.

Entre as medidas que se mantêm destacam-se a ação em locais específicos, em locais de mais elevado risco, estando em curso, com o envolvimento de várias áreas governativas, programas de identificação precoce de infeção pela covid-19, nomeadamente “em pessoas mais velhas, em pessoas com comorbilidades debilitantes, em populações específicas, como os profissionais de determinadas áreas”.

“Vamos continuar, também, a adotar um conjunto de medidas concretas para controlar a transmissão do vírus, sobretudo para acompanhar a transmissão do vírus”, reforçou a responsável pela pasta da Saúde.

Nesse sentido, o Governo está empenhado no “desenvolvimento de sistemas de vigilância epidemiológicos capazes de acompanhar a evolução de indicadores”, tais como do risco de transmissão ao longo do tempo e da incidência dos novos casos, dos novos óbitos, dos novos internamentos em hospital e em unidade de cuidados intensivos.

Além da vigilância, a ministra da Saúde apontou a contenção e mitigação da covid-19, em que “o grande desafio dos próximos tempos” é que estas medidas “possam ser o mais precisas possível”.

“Tentar utilizar as nossas medidas da forma mais precisa possível, de forma a evitar utilizar medidas que sejam desproporcionais e excessivas face aquilo que pretendemos proteger”, referiu Marta Temido.

Generalização de testes rápidos em estudo pelo ministério da Saúde

“No ministério da Saúde temos estado, em colaboração com as Administrações Regionais de Saúde, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e o Infarmed, a trabalhar nestas matérias e nos critérios para distribuição de testes rápidos [diagnóstico em cerca de 50 minutos], que no contexto de retoma de atividade assistencial não covid e da sua intensificação, são particularmente relevantes”, afirmou Marta Temido.

Na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica no país, a ministra observou que esses “testes mais rápidos” tem estado a ser disponibilizados “em função das necessidades dos hospitais” e, numa primeira fase, chegaram aos hospitais do Norte.

Marta Temido esclareceu que os testes rápidos foram distribuídos em locais que não tinham outro tipo de diagnóstico, como a Unidade de Saúde Local do Nordeste, mas também no Porto, no Hospital de São João e no Instituto Português de Oncologia (IPO).

Nestes dois casos, explicou, a realização de testes rápidos deveu-se ao facto de “a premência de obter um resultado” ser “relevante para celeridade da atividade”.

A 22 de abril o hospital de São João anunciou ter começado a fazer testes moleculares rápidos de diagnóstico à infeção por covid-19, num esquema de “disponibilidade limitada” e por prioridades definidas.

Aquela unidade de saúde esclareceu estarem em causa “cerca de 50 minutos, a acrescer ao tempo de colheita, transporte, processamento da amostra e validação do resultado”.

O hospital explicava, ainda que o teste seria usado nos doentes dos serviços de urgência (adultos, pediatria ou obstetrícia/ginecologia) que “necessitem de procedimento urgente” ou que tenham “suspeita de infeção” por covid e “critérios de internamento”.

Os rastreios “rápidos” começaram também a ser aplicados a doentes internados “em que surja a suspeita de covid-19” e se “justifique a realização de teste diagnóstico de forma a minimizar o tempo de isolamento de contacto e de gotícula” num “ambiente onde se encontram doentes sem infeção por SARS-CoV-2”.

Portugal contabiliza 1.007 mortos associados à covid-19 em 25.351 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.

Relativamente ao dia anterior, há mais 18 mortos (+1,8%) e mais 306 casos de infeção (+1,2%).

Das pessoas infetadas, 892 estão hospitalizadas, das quais 154 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1519 para 1.647.

Portugal vai terminar no sábado, 02 de maio, o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo anunciou a passagem para situação de calamidade a partir das 00:00 de 03 de maio.

Devido ao fim de semana prolongado, o Governo decretou, entretanto, a proibição de deslocações entre concelhos de 01 a 03 de maio.

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