O secretário de Estado da Saúde, António Sales, começou por referir o número de internados à data de hoje - 126, dos quais 26 em cuidados intensivos - e as 6 mortes registadas.
"O país está desde a meia noite em estado de emergência o que quer dizer que esta guerra contra o novo coronavírus se faz cada vez mais em dois planos: um primeiro plano de prevenção da escalada do surto, com medidas apertadas de contenção, e um segundo, da resposta à doença com a preparação do sistema de saúde às novas fases da epidemia", afirmou António Sales.
Continuamos a robustecer a resposta do SNS no que toca a equipa, formação e acesso. O centro de contacto SNS continua a ser a porta de entrada dos utentes no circuito Covid - "e como tal continuamos a melhorar a capacidade de resposta", afirmou o secretário de Estado. "É aí que entramos em contacto coma Linha de Atendimento Médico que depois faz o encaminhamento dos casos suspeitos". Reconhecendo que "os tempos de resposta ainda não são os que gostaríamos", António Sales afirmou que continuam a "adaptar e a melhorar" o processo. Segundo adiantou, a Linha de Apoio ao Médico registou "um número recorde de chamadas diárias de 4150 chamadas atendidas com 40 médicos voluntários em atendimento simultâneo".
"É graças a este circuito que tem sido possível evitar uma procura descontrolada dos serviços de urgência", sublinhou.
Sobre os equipamentos, cuja falta tem sido alertada em vários serviços, António Sales disse que "há várias linhas de encomendas a serem trabalhadas pelo Ministério da Saúde", algumas delas, avançou, em articulação com as disponibilidades das empresas e instituições, nomeadamente no que respeita aos equipamentos de proteção individual - como as máscaras - quer em termos de ventiladores ou monitores.
Agradeceu também "toda a solidariedade que tem chegado ao Ministério da Saúde" por parte da sociedade civil e que disse estarem a ser articuladas.
No micro-site covid19.min-saude.pt "foi criado um campo para poderem continuar a fazer chegar contributos externos".
Aumentar a testagem "também é uma prioridade" e segundo António Sales estão "a englobar novos laboratórios na rede". "O mercado tem respondido com soluções, algumas divulgadas na comunicação social, mas todas estas respostas têm de passar pelo crivo de segurança do Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge - a fiabalidade em matéria de testagem é determinante".
Além da "primeira linha" que são os prestadores de cuidados de saúde, António Sales deixou hoje uma palavra "aos cuidadores informais, as pessoas que trabalham em lares e que estão a zelar não só pela sua saúde individual mas também dos mais vulneráveis, dos nossos idosos. Todos são cruciais neste processo".
"O nosso sucesso no combate à epidemia depende da nossa capacidade de resiliência individual e é importante que não esmoreçamos, que não descuremos a nossa segurança e a de terceiros e que continuemos a respeitar as orientações da Direção-Geral da Saúde".
Graça Freitas: "É obrigatório o isolamento de pessoas doentes e de pessoas a quem as autoridades de saúde disseram para ficar em casa
As primeiras palavras da diretora-geral de Saúde forma no sentido de reforçar a obrigatoriedade de isolamento para grupos de risco.
"É obrigatório o isolamento de pessoas doentes e de pessoas a quem as autoridades de saúde disseram para ficar em casa. Portanto não é uma opção facultativa e estas pessoas têm de compreender que constituem um risco para a sociedade e que têm de ficar isoladas pelo período que lhes foi dito pelos médicos e autoridades de saúde".
Reforçou também o apelo "aos mais vulneráveis entre nós, sabendo que todos podemos ser atingidos pelo vírus, alguns estão em maior vulnerabilidade porque têm menor capacidade de se defender", nomeadamente idosos e as pessoas doentes. "Hipertensos, diabéticos, as pessoas com doença cardiovascular, as pessoas com doença oncológica" - "não quer dizer que todos adoeçam e que se adoecerem que fiquem mal, apenas são mais vulneráveis.
"Estas pessoas carecem de maior isolamento, precisam de contactar o mínimo possível com outras, não quer dizer que não possam tentar fazer a sua vida normal, as suas compras, vir à rua, dar um passeio - como disse o senhor primeiro-ministro, higiénico -, mas não o fazer em contacto com outras pessoas".
"O agregado familiar deve ser contido nos contactos doentes e idosos. Isto não é difícil", sublinhou. "Manter os idosos protegidos é muito importante, manter os doentes protegidos é muito importante".
Quem entra num lar fica em quarentena 14 dias
Graça Freitas foi especialmente incisiva sobre a gestão dos lares de isosos. "Quero deixar desde já um apelo - que os lares se organizem de alguma forma para poder perante um caso de um doente internado que manifeste sintomas ser automaticamente retirado de uma zona coletiva e posto num quarto sozinho até fazer um teste - é uma medida de contenção para evitar a propagação dentro dos lares".
Ainda sobre os lares, deixou também a informação que é um "imperativo": "quem entra num lar fica em quarentena 14 dias"
"Se receberem um utente novo, que pode vir infetado, terá de permanecer em isolamento também durante 14 dias. Sabemos que têm muitas dificuldades com espaço, mas é imperativo ter zonas onde se possam isolar quer as pessoas que adoeçam dentro do lar, quer as pessoas que possam entrar de novo que terão de cumprir 14 dias de isolamento".
No período de perguntas e respostas, António Sales confirmou a saída de um avião para ir buscar material ao exterior, sem especificar o dia."É verdade que estamos a ir ao exterior buscar material, nomeadamente à China - não haverá falta de resposta", disse António Sales, sem precisar "se é domingo se é segunda".
A Graça Freitas coube responder sobre o número de testes que estão a ser realizados e se tem havido ou não menos pessoas testadas. "O número varia e não é obrigatório ser crescente, ou seja depende da quantidade de pessoas que foi triada, quer em contexto laboral quer em contexto dos médicos dos hospitais que recebem estas pessoas. Todos os que têm indicação para fazer testes, fazem", afirmou.
A responsável da DGS reforçou que "9000 testes é a capacidade instalada, se fosse necessário", que "o Instituto Ricardo Jorge tem de garantir esses testes" e que "a DGS diz quem deve fazer , ou seja, os critérios técnicos".
Quarentena para quem entra em Portugal
"Hoje vamos lançar uma nova norma e a indicção genérica é que quem entra em Portugal tem de ficar em isolamento profilático 14 dias", anunciou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, na habitual conferência de imprensa de ponto de situação.
Pode haver exceções à regra, explicou: "as autoridades de saúde competentes da região para onde estas pessoas vão, podem sempre fazer uma avaliação mais fina do risco e tomar medidas que excecionem esta regra"
Vão sair sair também normas sobre os protocolos de entrada e saída em casa. Muitas são de bom senso e higiene básica, disse a diretora, dando um exemplo: "antes de entrar em casa sobretudo se vivermos acompanhados, deixar os sapatos à porta e calçar uns chinelos do lado de lá". "Pequenos gestos que minimizam e são medidas de prevenção que somados podem fazer a diferença".
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