“Era uma pessoa que cumpria a palavra”, disse hoje à Lusa o responsável da UCCLA, que enquanto consultor da Casa Civil do antigo Presidente Mário Soares teve vários contactos com o presidente da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), Afonso Dhlakama, que morreu hoje aos 65 anos.
Ramalho considerou que “o contributo que [Afonso Dhlakama] estava a dar para a superação da conflitualidade que ainda havia em Moçambique era encorajador”, pelo que a sua morte “pode de alguma maneira dificultar” este processo.
“A morte dele deixa um vazio. Esta saída prematura é uma interrogação relativamente ao futuro”, sustentou o secretário-geral da UCCLA
Vítor Ramalho comentou que há personalidades da Renamo “com uma preparação política muito sólida”, nomeadamente a líder do partido da oposição no parlamento, Ivone Soares, afirmando acreditar que terá “um papel importante nesta fase de transição”.
O responsável da UCCLA sustentou que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, “tem que dar passos para solidificar o que já foi alcançado”, até porque a comunidade internacional fará pressão nesse sentido.
“Isso é óbvio. Como vai ser feito, não sei”, admitiu.
Ramalho recordou dois episódios que viveu com Afonso Dhlakama, durante a presidência de Mário Soares.
Na véspera das primeiras eleições multipartidárias em Moçambique, a Renamo anunciou a recusa em participar no ato eleitoral.
Vítor Ramalho, que se encontrava no país, deslocou-se à Beira e foi levado ao presidente da Renamo, a quem fez ver que essa decisão teria uma repercussão negativa junto da comunidade internacional. Dhlakama pediu-lhe então que transmitisse em Maputo a sua intenção de participar nas eleições.
Noutra ocasião, acompanhou a mulher do Presidente Soares, Maria Barroso, num diálogo com o líder da Renamo, de que resultou um acordo de paz para a localidade de Ressano Garcia e um raio de 20 quilómetros, numa zona muito fustigada pela guerra civil.
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