"A dinâmica é positiva e tudo está a desenvolver-se de acordo com os planos do Ministério da Defesa e do Estado-Maior. Espero que os nossos combatentes nos deem mais alegrias com os seus resultados militares", disse Putin numa entrevista à televisão pública russa, transmitida este domingo.

Questionado ainda pista de um aeroporto, junto ao avião presidencial, o presidente respondeu assim às perguntas de um jornalista do canal Rossia-1 sobre "as notícias de Soledar", que o Exército russo disse ter conquistado na sexta-feira.

A captura desta modesta cidade foi apresentada em Moscovo como uma vitória após meses de contratempos na Ucrânia, em particular a retirada da região de Kharkiv (leste) e da cidade de Kherson (sul) devido às contraofensivas ucranianas.

Segundo o exército russo, a conquista de Soledar, onde existem enormes galerias que permitem armazenar material militar e fazer incursões por trás das linhas inimigas, é uma etapa importante para cercar a cidade vizinha de Bakhmut, que Moscovo tenta conquistar há meses.

No sábado, as autoridades ucranianas voltaram a negar o anúncio de Moscovo e afirmaram ter "sob controlo" a cidade de Soledar, que tinha 10 mil habitantes antes da ofensiva russa e agora está destruída.

A Rússia substituiu a 11 de janeiro o comandante das suas forças na Ucrânia, o general Serguei Surovikin, pelo atual chefe do Estado Maior Exército, Valery Gerasimov.

Além da alegada conquista de Soledar, a Rússia atacou de novo Kiev este sábado, com várias explosões ouvidas na capital, e atacou Dnipro, a leste.

Um míssil russo que atingiu um edifício residencial de nove andares em Dnipro fez pelo menos 21 mortos, 73 pessoas feridas, e 35 desaparecidos, informaram hoje as autoridades ucranianas.

As autoridades ucranianas admitem que os moradores dos 236 apartamentos, o que corresponde a mais de 400 pessoas, terão de ser realojados. Neste ataque, o prédio foi atingido por um míssil Kh-22, projetado para destruir grupos de porta-aviões no mar.

Os ataques russos foram realizados pouco depois de o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ter telefonado ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para lhe anunciar que o Reino Unido será a primeira potência ocidental a enviar tanques de primeira linha para Kiev.

Isto apesar dos receios, no seio da NATO, de que esta decisão possa ser considerada pela Rússia como uma escalada da guerra.

A ofensiva militar lançada pela Rússia contra a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e sanções políticas e económicas a Moscovo.

A invasão russa causou, até agora, a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945).

As Nações Unidas consideram confirmados 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

*Com Lusa