A Diocese reagiu assim ao arquivamento pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público de Leiria do processo sobre a morte do padre.
“As extensas diligências probatórias realizadas não permitiram apurar as causas da morte de Marco Brites, nem estabelecer se a mesma se deveu a homicídio, suicídio ou acidente”, refere o documento de arquivamento, acrescentando que “não se reuniram indícios suficientes da intervenção de terceiros na morte” de Marco Brites, de 38 anos.
A Diocese, numa nota hoje divulgada na sua página na Internet e assinada pelo vigário-geral, padre Jorge Guarda, lembra que “colaborou, desde o princípio, com a investigação, incentivando as pessoas que soubessem alguma coisa relativa ao trágico acontecimento a revelá-lo à Polícia Judiciária”.
“O próprio bispo e talvez uma dezena de padres foram inquiridos, dando a conhecer sem reservas o que sabiam sobre o padre Marco e a sua morte”, acrescenta a nota diocesana, lamentando que “não tenha sido possível apurar as causas do misterioso acontecimento e que algumas perguntas fiquem sem resposta. Infelizmente, já não está cá quem poderia esclarecer o que aconteceu e porquê”.
De acordo com o processo, o cadáver do padre da Maceira apareceu na praia das Valeiras, na Marinha Grande, distrito de Leiria, no dia 6 de junho de 2018.
O alerta para a Polícia Marítima foi dado por um pescador lúdico, que se apercebeu de algo no areal, pensando inicialmente tratar-se de um golfinho.
O padre estava “devidamente vestido e calçado”, tendo consigo um molho de chaves, lenços de papel, uma esferográfica, dinheiro, um terço e uma cruz.
A autópsia médico-legal “admite que a morte tenha sido devida a afogamento”. “As análises toxicológicas realizadas revelaram-se negativas para as substâncias analisadas”.
Também o exame ao corpo não revelou “sinais visíveis de agressão”.
No despacho, a procuradora refere ainda que “na habitação não foram encontrados vestígios nem sinais de violência”, que “nenhuma das testemunhas inquiridas forneceu elementos que permitam apurar as causas do falecimento de Marco Brites” e que “da análise dos elementos fornecidos pelas operadoras de telecomunicações e dos sistemas informáticos apreendidos nada de relevante foi apurado”.
As 42 testemunhas ouvidas pela Polícia Judiciária revelaram que o padre Marco “já tinha tentado o suicídio quando estava no seminário” e que “era uma pessoa querida na comunidade, não tinha problemas com ninguém e desempenhava com competências as suas funções de pároco”.
Segundo referiram, na noite anterior aos factos, o padre ausentou-se de uma reunião da paróquia, confidenciando que tinha “um assunto muito delicado” a tratar.
Algumas pessoas confirmaram que as luzes da habitação estiveram acesas até cerca da meia-noite e o seu automóvel parqueado, sendo que uma das inquiridas confirmou que trocou mensagens telefónicas com o padre até essa hora.
Num dos relatos, uma mulher admitiu que o padre tinha uma relação afetuosa consigo, tendo mesmo admitido que iria deixar o sacerdócio, tendo o seu marido descoberto e avisado que iria contar ao bispo da Diocese Leiria-Fátima.
Outros relatos falam de desvios de dinheiro que teriam sido efetuados pelo padre que o antecedeu na paróquia. Facto que foi desmentido pelo próprio.
O padre desconfiava ainda que um outro padre lhe mexia nas suas coisas, pelo que instalou videovigilância no seu quarto e verificou que a pessoa entrava nos seus aposentos.
O desaparecimento do padre nascido em Monte Redondo, freguesia de Leiria, foi comunicado à GNR por uma paroquiana, que estranhou o facto de Marco Brites ter faltado a várias confissões e a visita a doentes.
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