Em conferência de imprensa, Oleksii Danilov salientou que Kiev continuará a cumprir "as suas obrigações" com "todos os habitantes" de Donbass após o reconhecimento da independência das autoproclamadas repúblicas separatistas pelo presidente russo Vladimir Putin.

As declarações acontecem após o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter hoje reconhecido a independência dos territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia e instado o parlamento a assinar os tratados que permitirão o apoio militar de Moscovo a estas autoproclamadas repúblicas.

“Considero necessário tomar esta decisão que estava pensada há muito tempo, de reconhecer imediatamente a independência da República Popular de Donetsk e da República Popular de Lugansk”, referiu o chefe de Estado russo num discurso transmitido pela televisão estatal, depois do Kremlin ter divulgado esta intenção.

Putin pediu também ao parlamento russo para “aprovar esta decisão” para, em seguida, “ratificar os acordos de amizade e de ajuda mútua a estas repúblicas”, o que permitirá a Moscovo, por exemplo, enviar apoio militar aos dois territórios pró-russos do Donbass ucraniano.

Após o longo discurso televisivo, Vladimir Putin assinou o decreto com o reconhecimento e os tratados de amizade e assistência mútua com os líderes de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pásechnik.

Segundo Putin, a decisão foi tomada depois de receber hoje um pedido [de reconhecimento] por parte de ambos os líderes separatistas pró-Rússia e depois da Duma [câmara baixa do parlamento russo] ter enviado uma resolução com um pedido de reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk.

O chefe de Estado russo referiu ainda que a situação no Donbass ucraniano, onde decorre um conflito há oito anos que já provocou mais de 14 mil mortes, é “critica e séria”.

"Enfatizo mais uma vez que a Ucrânia para nós não é apenas um país vizinho. É parte integrante da nossa própria história, cultura, espaço espiritual. São nossos camaradas, parentes, entre os quais não somos apenas colegas, amigos, ex-colegas, mas também parentes, pessoas ligadas a nós por laços de sangue, parentes", insistiu Putin.

Ainda durante discurso televisivo, que durou 65 minutos, o Presidente russo pediu à Ucrânia para cessar imediatamente as “suas operações militares” contra os separatistas pró-Rússia.

Após o reconhecimento como territórios independentes, o Presidente da Rússia ordenou a mobilização do Exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.

A posição de Moscovo sobre estas repúblicas interrompe o processo de paz resultante dos acordos de Minsk de 2015, assinados pela Rússia e pela Ucrânia, sob mediação franco-alemã, já que estes visavam, precisamente, um regresso dos territórios à soberania ucraniana.

A decisão de Putin também abre caminho a um pedido de assistência militar à Rússia por parte desses territórios, conduzindo a uma justificação para a entrada de forças russas nessas regiões, dando razão aos países ocidentais que acusam Moscovo de estar a preparar uma invasão da Ucrânia, junto a cujas fronteiras já posicionaram mais de 150.000 soldados.

O Presidente norte-americano, Joe Biden, após o anúncio de Moscovo, anunciou que vai emitir "em breve" uma ordem executiva com sanções devido ao reconhecimento pela Rússia das repúblicas separatistas da região ucraniana de Donbass, na Ucrânia.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, indicou em comunicado que a ordem executiva presidencial vai proibir novos investimentos, comércio e financiamento dos Estados Unidos para, de ou nos territórios separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia.