Em conferência de imprensa, Mario Draghi advertiu que "a ameaça de protecionismo" continua "importante" depois de terem sido anunciadas tréguas no conflito comercial entre Estados Unidos e União Europeia (UE) na sequência da reunião de quarta-feira do presidente norte-americano com o presidente da Comissão Europeia.

"O encontro mostra que há uma nova vontade de discutir questões comerciais num contexto multilateral", considerou Draghi, após a reunião mensal de política monetária do BCE.

No entanto, "ainda é muito cedo para avaliar o conteúdo" do acordo, acrescentou.

Trump e Juncker anunciaram um desanuviamento na questão das tarifas, anunciando uma série de medidas no domínio da agricultura, da energia e da indústria cujo alcance ainda está por confirmar.

O presidente do BCE sublinhou que o crescimento económico da zona euro é "sólido e amplo" apesar da incerteza comercial e que a atual política monetária expansiva vai assegurar uma subida da inflação até ficar perto mas abaixo de 2%.

Draghi também considerou que o euro se valorizou muito no período de um ano e meio e que os efeitos diretos das taxas alfandegárias que já entraram em vigor são limitados.

O presidente do BCE reiterou que "está preparado para ajustar todos os instrumentos (de política monetária) de forma adequada a assegurar que a inflação se aproxima do objetivo" e explicou que na reunião de hoje não foi discutido o reinvestimento dos títulos de dívida adquiridos e que entretanto vençam.

O BCE vai continuar a comprar dívida ao "ritmo mensal de 30 mil milhões de euros até ao final de setembro de 2018" e prevê reduzir as aquisições para metade (15 mil milhões de euros) a partir dessa altura e até ao fim de dezembro, quando está previsto que cessem as aquisições.

Na reunião de hoje, a entidade monetária decidiu também deixar as taxas de juro inalteradas e reafirmou que tenciona mantê-las no nível atual até pelo menos ao verão de 2019.

Draghi não referiu mais detalhes sobre essas datas, mas sugeriu que o BCE prefere manter a flexibilidade para poder reagir caso haja uma deterioração da situação.