Os jornais destacam a “vitória frágil” da Aliança Democrática (AD), que não lhe permite apenas com a Iniciativa Liberal (IL) conseguir maioria no parlamento, assim como o “fecho de um ciclo” aos 50 anos do 25 de abril de que falava o Presidente da República na sua comunicação ao país no sábado, com o bipartidarismo a ser substituído por três blocos: AD, PS e Chega.

O Público titula em manchete que as eleições de domingo tornaram Portugal “Um País à Direita”, com a “vitória tangencial” da AD, que lhe permite governar em maioria relativa, e aponta ainda a única subida verdadeira à esquerda: a do Livre, de Rui Tavares, que de um passa a ter quatro deputados no parlamento.

O jornal refere ainda que com os resultados de domingo a CDU “afunda-se”, enquanto a Iniciativa Liberal (IL), o Bloco de Esquerda (BE) e o PAN mantêm os deputados que tinham nos respetivos grupos parlamentares.

No editorial, o Público lembra que Montenegro poderá ter de esperar pelos resultados da emigração (que elege quatro deputados) para poder receber o convite de Marcelo Rebelo de Sousa para formar Governo e que à sua espera terá “um caminho muito espinhoso”.

E recorda a frase do Presidente d República na sua comunicação ao país no sábado, numa reflexão em jeito de recado: “Fecha-se um ciclo de meio século na nossa História, abre-se outro, novas exigências, novas ambições, mas sempre com os mesmos valores: Democracia, Liberdade e Igualdade”.

O Correio da Manhã escreve que o “Furacão Chega vira país à direita” e lembra a ironia de, no ano em que se comemoram os 25 anos do 25 de abril, os portugueses terem votado de forma a permitir que um partido de extrema-direita tenha cerca de 50 deputados no parlamento.

“Uma vitória frágil num país partido” é a manchete de hoje do Jornal de Notícias (JN), que destaca o “resultado muito curto” conseguido por Luís Montenegro, mesmo somando os votos da Iniciativa Liberal (IL).

O JN sublinha a “boa notícia” da inversão de ciclo da subida da abstenção que se vinha a registar, com os portugueses a marcarem maior presença nas eleições de domingo, mas mostrando “um país zangado e desiludido com a falta de soluções para os problemas”, refere no editorial.

Lembra que “o teste decisivo” será o Orçamento do Estado e que o Presidente da República terá “um papel de peso”, gerindo os “equilíbrios precários” deixados pelos resultados eleitorais de domingo.

Já o Diário de Notícias (DN) titula em manchete que “AD mais IL não Chega!”, lembrando que, mesmo que se aliem, AD e IL “não garantem uma maioria de Governo ao social-democrata Luis Montenegro, que no seu discurso de vitória prometeu “cumprir a mudança” pedida pelos portugueses.

Lembra igualmente o valor da abstenção, que rondou os 34%, “a mais baixa desde 1995”, a perda de cerca de meio milhão de votos do PS e aponta que, à esquerda dos socialistas, o Livre foi “o grande vencedor”, ao passar de um para quatro deputados.

O Negócios fala de um “País partido”, com o Chega a subir “de forma vertiginosa” e a ficar com a viabilização do Governo “nas mãos”.

No editorial, o jornal refere que “a catalogação do Chega é relevante para saber se existe uma maioria de direita” e aponta “o maior desafio” do partido de André Ventura: “saber como se manter relevante quando é renegado pelo centro-direita e o próprio Presidente da República”.

Aponta ainda o recuperar do protagonismo que Marcelo Rebelo de Sousa teve durante o Governo da ‘geringonça’ de António Costa, ao definir, “ainda que indiretamente”, os pressupostos de um novo Executivo, lembrando que o PR já disse que “fará tudo para evitar a entrada no Chega no futuro Governo” e que “será também julgado em função dessa promessa”.