“Em nome da União Europeia, gostaríamos de congratulá-lo pela sua eleição como Presidente do Brasil”, lê-se nas linhas iniciais da carta de felicitações endereçada a Jair Bolsonaro, que tardou oito dias a ser preparada.

Na missiva, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recordam que a União Europeia e o Brasil têm uma “duradoura parceria estratégica”, que permitiu o desenvolvimento de uma cooperação extensa em temas bilaterais e multilaterais de interesse comum, como “o comércio, a ciência, a tecnologia, a defesa e a segurança, a energia, a proteção ambiental e os direitos humanos”.

“Estamos preparados para prolongar e fortalecer esta parceria durante a sua presidência para benefício dos nossos cidadãos, inclusive no contexto das negociações em curso para o acordo de livre comércio UE-Mercosur”, enfatizam.

Juncker e Tusk terminam com votos de “sucesso” a Bolsonaro no seu novo cargo, dizendo-se “ansiosos” para trabalharem com o novo presidente do Brasil.

Na passada segunda-feira, numa primeira reação ao triunfo do candidato de extrema-direita nas eleições de domingo, uma porta-voz da Comissão Europeia remeteu a “reação oficial” para a carta de felicitações que os presidentes do Conselho Europeu e do executivo comunitário iriam enviar “em breve” ao Presidente eleito.

Na conferência de imprensa diária do executivo comunitário da passada segunda-feira, e perante várias questões sobre se a UE está preocupada com a eleição de um candidato da extrema-direita para a presidência do Brasil, a porta-voz Natasha Bertaud limitou-se a dizer que Bruxelas espera que o Presidente eleito "trabalhe para consolidar a democracia”, considerando que “o Brasil é um país democrático, com instituições sólidas”, mas insistiu que era necessário esperar pelo conteúdo da carta de Juncker e Tusk.

Face à demora no envio e divulgação da carta, a Lusa contactou na terça-feira a Comissão e o Conselho, que se limitaram a indicar que uma missiva conjunta estava a ser preparada.

Questionada novamente, na conferência de imprensa de quarta-feira da Comissão, sobre a carta e reação oficial da UE à eleição de Bolsonaro, a porta-voz Natasha Bertaud voltou a dizer que a mesma iria ser enviada “muito em breve”.

Hoje de manhã, o principal porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, anunciou que a carta de felicitações já tinha sido enviada, escusando-se, contudo, a revelar o seu conteúdo.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, de extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito em 28 de outubro, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.