No comício do PS de Aveiro, círculo pelo qual é cabeça de lista do PS, Pedro Nuno Santos fez uma intervenção de cerca de 20 minutos sem qualquer crítica às forças à esquerda dos socialistas, Bloco de Esquerda, PCP e “Os Verdes”.
O ex-secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e atual ministro das Infraestruturas e Habitação usou antes uma dialética entre "o sentido de comunidade" e objetivos de igualdade preconizados (segundo ele) pelos socialistas, e "o individualismo, a centralidade do mercado e da competição defendidos pela direita" portuguesa.
"Nós defendemos uma sociedade em que quem tem mais contribui mais para termos uma comunidade mais solidária e mais forte, uma sociedade em que os problemas de um uns são também problemas de todos”, explicou.
Por outro lado, acrescentou: “Quando o PSD e o CDS defendem uma redução agressiva de impostos, o que eles não dizem é que, para que não existam desequilíbrios nas contas públicas, terão de pôr os portugueses a pagar na saúde e na educação. É esse o verdadeiro programa: Reduzir impostos para amanhã terem a justificação de entregar estes setores ao negócio dos privados".
Para acentuar o dualismo entre esquerda e direita, Pedro Nuno Santos referiu-se a um caso de uma criança que carecia de tratamento auditivo, mas que no setor privado a solução tinha um custo de 70 mil euros "só pelo aparelho”, isto “sem contar com os honorários do hospital".
"Mas o Hospital Pediátrico de Coimbra fez a intervenção sem pagar nada", contrapôs, levantando a plateia do comício.
Na sua intervenção, que se seguiu ao ministro Vieira da Silva e que antecedeu a do secretário-geral, Pedro Nuno Santos, apontado como potencial candidato à liderança dos socialistas, referiu-se à forma como PSD e CDS-PP "tentaram menorizar" a atual solução de Governo: "’Geringonça’, esquerdas encostadas ou diabo".
"Esta solução política pôs em causa os valores deles com o aumento do salário mínimo nacional, com o fim da sobretaxa, com o aumento da progressividade do IRS, subida das pensões e do complemento solidário para idosos", defendeu o cabeça de lista do PS por Aveiro, considerando que estas medidas "reforçaram a comunidade".
Depois, neste contexto, observou que a "direita" passou a última legislatura a criticar o atual Governo por não ter feito reformas.
"Na verdade, não fizemos as reformas que a direita teria feito se governasse. Mas a direita não teria aumentado o salário mínimo, não teria reduzido o IRS para a classe média, não teria aumentado as pensões, não teria tornado os manuais escolares gratuitos, não teria baixado o preço dos passes sociais para os transportes, não teria combatido a precariedade laboral, não teria aumentado o abono de família e não teria descongelado as carreiras da administração pública, nem criado uma nova geração de políticas de habitação. Estas são as nossas reformas, não são as deles", declarou.
Já na parte final da sua intervenção, Pedro Nuno Santos observou que algumas medidas de caráter social, com sentido de comunidade, até constam dos programas do PSD e do CDS-PP para estas eleições legislativas.
Perante essa alegada nova realidade, o dirigente socialista tirou a seguinte conclusão: "Isso só aconteceu porque ganhámos o debate ideológico e político em torno das ideias".
"Só temos de continuar a não ter medo de disputar com eles o debate das ideias", afirmou, aqui num recado também para o interior do seu partido.
(Notícia atualizada às 23h29)
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